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Candidato de centro-direita à presidência do Uruguai rechaça apoio de Bolsonaro

Luis Lacalle Pou criticou colocação de presidente sobre preferência para uma vitória alinhada ao governo do Brasil no Uruguai

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Por Redação
Atualização:

MONTEVIDEO - O candidato de centro-direita à eleição presidencial no Uruguai, Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional, rechaçou a afirmação do presidente Jair Bolsonaro feita em entrevista ao Estado sobre ter preferência à escolha de Lacalle Pou para a presidência.

"Se eu fosse presidente da República, e tivesse uma eleição no Brasil, a última coisa que faria seria dizer quem eu prefiro que ganhe", disse o uruguaio, assegurando que não está de acordo com as afirmações de Bolsonaro.

A afirmação foi dita na noite de quinta-feira, 30, durante um encontro com os candidatos do também opositor Partido Colorado, de centro-direita.

Candidato do Partido Nacional, ex-senador Luis Lacalle Pou tenta formar coalizão entre partidos da oposição para derrotar Frente Ampla em novembro. Foto: Frederico Afitti/EFE

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Sem mencionar Lacalle Pou nominalmente, Bolsonaro disse preferir uma vitória da oposição frente ao candidato Daniel Martínez, do partido Frente Ampla, de centro-esquerda.

"O Uruguai foi para o segundo turno, tem a situação, que vem da política do Pepe Mujica, e uma oposição que é mais alinhada com nossos pensamentos liberais e econômicos. Esperamos, torcemos que aconteça a eleição de alguém mais ligado ao nosso time, aí teríamos o Uruguai afinado conosco", disse.

A colocação de Bolsonaro fez com que o ministério de Relações Exteriores do Uruguai convocasse nesta sexta-feira o embaixador brasileiro em Montevidéu, Antonio Simões, para pedir explicações.

“A chancelaria solicitou explicações sobre as declarações do senhor presidente Jair Bolsonaro ao diário Estado de S. Paulo sobre o processo eleitoral no nosso país”, disse a chancelaria em nota.

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Essa não foi a única crítica que Lacalle Pou dirigiu a Bolsonaro. Também na quarta, o ex-senador afirmou ao jornal uruguaio El Observador que não julga correto interferência de outros países em eleições. "Acho que não é bom que os políticos, e nesse caso governantes, opinem sobre o que pode acontecer em outro país", disse.

"O Uruguai, por sorte, não decide sobre o que os brasileiros pensam, decide sobre o que lhe diz respeito e sobre o que os uruguaios precisam", ressaltou o advogado de 46 anos que concorrerá com o candidato do governo Daniel Martínez, um engenheiro de 62, em 24 de novembro, para definir o próximo presidente do Uruguai.

Martínez disse antes do primeiro turno que se chegar à presidência, deverá negociar com Bolsonaro. "Há valores que Bolsonaro expressa e coisas que ele faz que, obviamente, não vou mentir, seria hipócrita se eu dissesse que gosto", afirmou. "Também não gosto de (Donald) Trump. Isso não quer dizer que teremos problema", porque "meu dever é buscar melhorar as relações entre os povos".

Martínez venceu o primeiro turno no domingo, mas Lacalle Pou conseguiu o apoio de dois candidatos - Ernesto Talvi, do Partido Colorado, e Guido Manini, de extrema direita, respectivamente terceiro e quarto colocados.

Segundo especialistas, a votação obtida pela Frente Ampla no primeiro turno, abaixo da média histórica, é um indicativo de que a coalizão de Lacalle Pou pode sair-se bem sucedida no segundo turno. / AFP e EFE

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