CIDADE DE GAZA E TEL-AVIV - À medida que o acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo terrorista Hamas entrou em vigor neste domingo, 19, em na Faixa de Gaza, potencialmente encerrando a guerra mais longa e mortal em um século de conflito israelense-palestino, dois homens, de lados opostos da guerra, usaram a mesma metáfora para descrever como se sentem.
“O peso no meu peito foi aliviado”, disse Ziad Obeid, um funcionário público de Gaza que foi deslocado várias vezes durante a guerra. “Nós sobrevivemos.”
“A pedra que estava sobre meu coração foi removida”, disse Dov Weissglas, um ex-político israelense. “Queremos ver os reféns em casa, ponto final.”

Mas — ambos os homens também tinham um “mas” — Obeid não vê sua casa danificada no norte de Gaza há mais de um ano. Quão grave, ele se perguntava, é o dano? E quem reconstruirá uma Gaza devastada?
Weissglas estava preocupado com a condição dos reféns que serão libertados gradualmente nas próximas semanas, vindos de lugares úmidos no território. Ele também expressou descontentamento com a troca deles por centenas de prisioneiros palestinos, muitos dos quais cumprem penas de prisão perpétua por ataques contra israelenses. “Há alívio”, disse ele, “envolvido em cautela, medos e preocupação.”
Foi um resumo adequado do clima de ambos os lados da divisão israelense-palestina neste domingo, enquanto israelenses e palestinos expressavam sentimentos de alegria misturados com dúvidas.
Para os palestinos, a trégua teoricamente deve proporcionar pelo menos seis semanas sem ataques a Gaza. Isso oferece uma oportunidade para os moradores de Gaza darem os primeiros passos em direção à reconstrução, encontrarem parentes ainda soterrados nos escombros e enfrentarem a perda de mais de 45 mil pessoas, entre civis e combatentes, cujos corpos já foram contabilizados pelas autoridades de saúde de Gaza.

Para os israelenses, o acordo permite a libertação gradual de pelo menos 33 dos reféns capturados durante o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023 — um ataque que matou até 1.200 pessoas e provocou a devastadora resposta de 15 meses por parte de Israel. Para os reféns libertados com vida, isso significa liberdade após 470 dias de cativeiro. Para os israelenses em geral, muitos atormentados por uma forma de culpa do sobrevivente, isso oferece um alívio parcial e condicionado.
Uma considerável incerteza
Mas os detalhes do acordo entre Israel e o Hamas significam que ambos os lados ainda enfrentam considerável incerteza sobre como as próximas seis semanas se desenrolarão, sem falar na possibilidade de o arranjo provisório não se tornar permanente. Até mesmo a primeira fase começou com horas de atraso na manhã de domingo, em meio a disputas sobre quais reféns seriam libertados à tarde. Nesse período, segundo as autoridades de Gaza, ataques israelenses mataram e feriram mais pessoas.
Os palestinos permanecem incertos sobre o destino de vários milhares de seus cidadãos detidos sem comunicação durante a guerra, que podem não ser liberados nas trocas que ocorrerão nos próximos dias. Reema Diab, dona de casa no centro de Gaza, ainda não tem como localizar seu marido, um treinador de cavalos, que, segundo ela, foi levado para interrogatório em Israel em dezembro de 2023 e nunca mais teve notícias dele.
“Estou aliviada por o derramamento de sangue estar chegando ao fim, mas meu coração dói”, disse Diab. “A ausência dele é inimaginável.”
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A poucos quilômetros de distância, Weissglas temia pelo destino de cerca de 65 reféns que podem não ser libertados de Gaza caso o acordo colapse após seis semanas. Ele temia que muitos dos 33 reféns iniciais, que seriam liberados nos próximos 42 dias, pudessem estar emocionalmente ou fisicamente machucados, ou até mesmo mortos.
Vídeos de combatentes do Hamas reaparecendo em triunfo após se esconderem também foram um golpe para os israelenses, que esperavam que a guerra destruísse completamente as capacidades militares do grupo. Para muitos gazenses, foi uma visão a ser celebrada, mas, para outros, foi um lembrete da incerteza persistente sobre a futura governança de Gaza.
Obeid trabalha para a Autoridade Palestina, que perdeu o poder para o Hamas em Gaza há 18 anos, mas que ainda emprega alguns servidores públicos. Ele disse que estava trabalhando com os líderes da autoridade na Cisjordânia para planejar operações potenciais de limpeza e reconstrução em Gaza nos próximos dias. Não está claro, disse ele, se isso será possível com o Hamas ainda no comando durante as próximas seis semanas.
Mas esse é o desafio de amanhã, disse Obeid.
Por enquanto, ele disse, “eu posso respirar novamente.”/Com Bilal Shbair, de Deir al Balah, Faixa de Gaza, e Aaron Boxerman, de Jerusalém
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