Colômbia se despede do arcebispo de Cali

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Por Agencia Estado
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Enquanto centenas de milhares de pessoas se dirigiam, nesta segunda-feira, à Catedral de Cali para dar seu último adeus ao assassinado arcebispo Isaías Duarte Cancino, numerosos suspeitos foram detidos pelo crime que deixou a Colômbia em estado de indignação e dor. Segundo o procurador-geral, Luis Camilo Osorio, o assassinato pode ter sido cometido por uma associação entre o narcotráfico e a guerrilha - grupos que receberam vigorosas críticas por parte do prelado -, mas advertiu que "nenhuma hipótese pode ser descartada". As autoridades continuam buscando dois pistoleiros e uma mulher, que aparentemente executaram o crime quando o arcebispo saía da paróquia do Bom Pastor, em Aguablanca, um bairro pobre de Cali, após uma cerimônia de casamento coletiva. Nas últimas 48 horas, 514 suspeitos foram detidos, mas a maioria foi deixada em liberdade em seguida. Cerca de 300.000 pessoas - entre estudantes, trabalhadores, dirigentes políticos e indigentes - desfilaram desde este domingo diante do féretro, antes do funeral previsto para esta terça-feira, na Praça de Caicedo, informou a assessoria de imprensa da Arquidiocese de Cali. "Monsenhor foi um apóstolo da caridade, porque aqui construiu sete escolas, que têm 350.000 alunos de famílias de poucos recursos, e criou um programa de alimentos para que os indigentes que estão nas ruas não passem fome", informou o assessor de imprensa Gersaín Paz à Associated Press. O prefeito de Cali, John Maro Rodríguez, decretou três dias de luto, e esta noite se apagarão as luzes da cidade colombiana de dois milhões de habitantes e se acenderão milhares de velas para dizer sim à vida. O governo está oferecendo uma recompensa de US$ 430.000 a quem der informações que conduzam aos autores materiais e intelectuais do crime. "Foram assassinos de aluguel que não eram do lugar", disse o pároco da igreja de Bom Pastor, Oscar Vega, ao revelar que os dois assassinos armados haviam sido vistos rondando a igreja. "Cremos que eram ladrões." Mas Vega destacou que "o importante é quem está por trás disto. É importante descobrir os autores intelectuais" por trás do crime. O arcebispo denunciou há três semanas, antes das eleições de 10 de março, que havia candidatos ao Congresso financiados pelo narcotráfico. "Simplesmente, ele morreu no cumprimento da palavra do Evangelho: o bom pastor entrega sua vida por suas ovelhas", disse o arcebispo Alberto Giraldo, presidente da Conferência Episcopal colombiana.

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