NOVA YORK - O Conselho Nacional Sírio (CNS) afirmou nesta terça-feira, 17, que está disposto a pedir ajuda a outras organizações regionais se a Rússia exercer seu poder de veto para evitar que o Conselho de Segurança da ONU aplique sanções contra Damasco. "Não podemos nos chocar de novo contra a parede russa. Se o veto do país evitar que o Conselho de Segurança faça algo, pedimos que outras opções sejam exploradas", disse Bassma Kodmani, representante do CNS que junto a outros membros do grupo opositor se reuniu com várias delegações diplomáticas na ONU.
Veja também: Annan e Putin acreditam ser possível salvar missão da ONU na Síria
Por que a Rússia apoia a Síria?
CURTA NOSSA PÁGINA NO FACEBOOK
Os representantes do CNS, grupo opositor majoritário na Síria, viajaram para Nova York para convencer os membros do Conselho de Segurança a usarem "todos os recursos" possíveis para frear a crise e proteger a população civil. Kodmani, responsável pelas relações internacionais do CNS, defendeu a necessidade do Conselho de Segurança aprovar o projeto de resolução apresentado pelos países ocidentais para renovar o mandato dos observadores ocidentais.
O Conselho de Segurança deve realizar em breve uma votação sobre o texto apresentado na semana passada no Reino Unido. O poder de voto está nas mãos dos Estados Unidos, Alemanha, França e Portugal, além da Rússia, que já anunciou que vetará qualquer tipo de ameaça de sanções sob o Capítulo VII da Carta das Nações Unidas. "Trata-se absolutamente da última oportunidade do Conselho de Segurança atuar com responsabilidade perante a crise síria. Se não fizer isto, exploraremos outras possibilidades", disse Kodmani.
Para o CNS, se a Rússia vetar a ação mais uma vez, o resto das potências, que "têm suas vontades soberanas e são capazes de tomar decisões", deveriam mobilizar-se por conta própria para permitir que o povo sírio possa se defender. "Se a ONU fecha a porta na cara da população síria, o país será palco de mais combates", disse a opositora.
Kodmani, que também não deu detalhes de como os russos reagiram a seu pedido, confirmou que de qualquer forma o Conselho de Segurança deveria adotar uma resolução para defender o plano de paz de Kofi Annan o mais rápido possível. "Essa resolução deveria enviar uma mensagem ao regime de Assad de que há consenso na comunidade internacional e de que os crimes que foram cometidos não ficarão impunes", opinou Kodmani.
A proposta ocidental contempla a ameaça de sanções, enquanto a Rússia, respaldada pela China, se opõe. Após dias de negociações e contatos com líderes sírios pelas mãos do próprio Annan e também do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, espera-se um consenso por parte do Conselho de Segurança da ONU.
A votação do texto ocidental na ONU será realizada nesta quarta-feira. Segundo fontes diplomáticas, as delegações do Conselho negociam ainda mudanças no texto ocidental e discutem sobre a proposta apresentada pela Rússia na semana passada. O projeto de Moscou busca a renovação, por três meses, do mandato dos observadores no país árabe, que termina em 20 de julho, mas não inclui pressões concretas sobre o regime do presidente sírio.
As resoluções de condenação ao regime no Conselho de Segurança da ONU fracassaram até agora por causa da rejeição da China e da Rússia, que exerceram seu direito a veto nas Nações Unidas em duas ocasiões, em outubro de 2011 e fevereiro de 2012. Enquanto isso, a situação na Síria se agrava e, há três dias, os rebeldes lutam contra os leais ao regime de Assad em diversos bairros de Damasco.