Antes da Bielo-Rússia, palco de uma mobilização histórica da oposição, vários movimentos de revolta sacudiram outras ex-repúblicas soviéticas desde o início dos anos 2000.
2003: Geórgia
Uma onda de revoltas inédita sacudiu a Geórgia após as legislativas do dia 2 de novembro de 2003, consideradas fraudulentas por uma oposição que era apontada como vitoriosa pelas pesquisas. Foi lançada a "Revolução das Rosas". As manifestações se espalharam na capital Tiflis, reunindo entre 50 mil e 100 mil pessoas em 22 de novembro.
Os manifestantes, liderados pelo chefe da oposição reformista, Mihai Saakachvili, lançaram um ultimato ao presidente Eduard Shevardnadzé e forçaram as portas do Parlamento. No dia seguinte, Shevardnadzé renunciou sem que uma gota de sangue fosse derramada. Mihai Saakachvili foi eleito triunfalmente em 4 de janeiro de 2004.
2004: Ucrânia
Uma "Revolução Laranja" sacudiu a Ucrânia após o anúncio da vitória do primeiro-ministro Viktor Yanukovich no segundo turno da eleição presidencial de 21 de novembro de 2004, apoiado por Moscou.
Apoiadores do candidato da oposição Viktor Yuchenko, que alegavam "falsificações" eleitorais, implantaram um movimento de protesto popular sem precedentes. Milhares de manifestantes com bandeiras laranjas se reuniram por semanas no centro de Kiev.
Em 3 de dezembro, o Supremo Tribunal anulou as eleições. Viktor Yuchenko foi eleito presidente no "terceiro turno", em 26 de dezembro.
2005: Quirguistão
Em 2005, o Quirguistão foi palco de um movimento de protestos após as eleições legislativas de fevereiro / março consideradas fraudulentas pela oposição.
No dia 24 de março, milhares de manifestantes se reuniram na capital Biskek. Em poucas horas, o presidente Askar Akayev foi derrotado.
Um dos líderes desta "Revolução das Tulipas", Kurmanbek Bakiev, chegou ao poder em julho de 2005, mas fugiu em 2010 após um violento levante popular na capital.
2008: Armênia
No dia 19 de fevereiro de2008, a eleição já no primeiro turno de Serge Sarkissian, sucessor designado do presidente Robert Kocharian, na Armênia, foi imediatamente questionada pela oposição, que denunciava fraudes.
Após onze dias de protestos pacíficos, manifestações violentas estouraram em Erevã, deixando uma dúzia de mortos. Foi decretado, então, um estado de emergência de 20 dias, no qual foi proibida qualquer manifestação e a publicação pela imprensa de qualquer informação que não viesse de fontes governamentais.
2009: Moldávia
Em 2009, o anúncio da vitória esmagadora dos comunistas nas eleições legislativas de 5 de abril desencadeou protestos violentos na capital Chisinau.
Após manifestações violentas e saques ao parlamento por milhares de jovens, os deputados da oposição conseguiram bloquear a eleição do presidente e dissolveram o Parlamento.
A presidência da Moldávia ficou vaga por três anos, já que nem os comunistas nem os pró-ocidentais conseguiram a maioria para nomear o chefe de Estado.
2013: Ucrânia outra vez
No final de 2013, a suspensão pelo governo ucraniano das negociações sobre um acordo de associação com a UE gerou manifestações da oposição pró-europeia.
Em fevereiro, os distúrbios deixaram mais de 100 mortos em três dias. No dia 22, o Parlamento destituiu o presidente Yanukovich, que fugiu para a Rússia.
Em 25 de maio, o milionário pró-ocidente Petro Poroshenko venceu a eleição presidencial.
2018: Armênia novamente
Em abril de 2018, o pequeno país do Cáucaso voltou a ser palco de distúrbios. Depois de ter cumprido a quantidade máxima de mandatos na presidência, Serge Sarkissian reforçou as prerrogativas do primeiro-ministro e tentou assumir o cargo, enfrentando um grande movimento da oposição, liderado porNikol Pachinian, deputado e ex-jornalista.
Após várias semanas de revolta, o levante popular forçou Sarkissian a renunciar. Em 8 de maio de 2018, Nikol Pachinian foi eleito primeiro-ministro. / AFP