O governo de Cuba anunciou ontem um pacote de restrições ao consumo de energia elétrica no país. O objetivo seria reduzir o impacto da crise financeira internacional e evitar a deterioração da economia da ilha. As medidas, que preveem apagões programados, entram em vigor a partir do dia 1º. Por meio da mídia oficial, o ministro cubano da Economia, Marino Murillo, também reduziu a estimativa de crescimento da economia cubana de 6% para "2,4% ou 2,5%" no ano. Há semanas, os meios de comunicação cubanos, todos oficiais, vêm dando grande destaque à repercussão da crise mundial em Cuba - como queda da exportação e do turismo, o aumento dos custos de importação e a falta de liquidez. Soma-se a isso um prejuízo de US$ 10 milhões decorrente da destruição causada por três furações que passaram pela ilha no ano passado. O jornal oficial Granma classificou a situação do país como de "poupança ou morte", parodiando o célebre lema de Fidel Castro "pátria ou morte". Estima-se que Cuba gaste atualmente cerca de US$ 600 mil por dia para geração de energia. Para diminuir a despesa, estão programados cortes preventivos que podem durar até dez horas por dia em órgãos públicos e no setor privado. A ideia é que as residências sejam poupadas dentro do possível. Para tanto, os órgãos públicos precisariam reduzir em 12% o gasto energético até o fim do ano. De janeiro a maio, o consumo de energia seguiu uma tendência de alta de 3% no país. O gasto excedente teria elevado o preços dos combustíveis para entre US$ 90 milhões e US$ 100 milhões. Cuba vive agora uma situação que remete à crise dos anos 90, quando o país sofreu com o colapso da União Soviética, então seu principal provedor, e com sanções implementadas pelos EUA. A fase ficou conhecida na ilha por um eufemismo: "período especial".
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.