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Decisão da Justiça contra ‘Brexit’ põe em risco mandato de May

Alta Corte britânica exige que saída da UE seja avaliada em votação no Parlamento; chance de nova eleição cresce

Por Andrei Netto , CORRESPONDENTE e PARIS
Atualização:

A possibilidade de realização de eleições antecipadas para escolher um novo Parlamento e um novo primeiro-ministro no Reino Unido aumentou nesta sexta-feira. A pressão tem relação com a decisão da Justiça britânica, que na quinta-feira ordenou que o processo de ruptura entre o país e a União Europeia – decidido em plebiscito em 23 de junho – precisa ser avaliado pelo Legislativo.

Trata-se de uma ameaça direta à estabilidade do governo de Theresa May, que vem sendo criticada pelo processo pouco transparente de rompimento entre Londres e Bruxelas. A premiê assumiu o cargo em julho, em substituição a David Cameron, reeleito em 2015. A legislatura deveria durar até 2020, já que, com maioria em Westminster, o Partido Conservador não teria, em tese, dificuldade para governar. Mas o plebiscito sobre o “Brexit”, a saída do Reino Unido da UE, não só rachou a opinião pública britânica, como dividiu os conservadores. 

Theresa May, primeira-ministra britânica Foto: REUTERS/Toby Melville/File Photo

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O racha aumentou na quinta-feira, quando a Alta Corte de Londres ordenou ao governo que submeta ao Parlamento a decisão de acionar o Artigo 50 do Tratado de Lisboa, procedimento que determina o início do período de dois anos para desligamento de um país do bloco europeu. A ordem irritou deputados britânicos que já criticavam a gestão de May, que quer iniciar o processo de divórcio sem consultar o Legislativo. 

Stephen Phillips, congressista conservador, renunciou nesta sexta-feira ao cargo após criticar o partido e a premiê. O deputado e jurista votou a favor do “Brexit”, mas crê que o governo de May erra ao tentar contornar o Parlamento. Há poucas semanas, outro deputado conservador, Zac Goldsmith, já havia renunciado por divergências com o governo de May.

Nesta-sexta-feira, a imprensa britânica relatou que a insatisfação de parte dos deputados conservadores com a gestão da premiê pode levá-la a adotar a estratégia de retorno às urnas – mesmo que seu discurso oficial seja oposto. Essa decisão seria tomada após o julgamento do recurso que o governo impetrou na Corte de Apelações contra a decisão da Alta Corte.

Caso perca, May poderia convocar nova votação. Por ora, o momento é de expectativa pelo julgamento, entre 5 e 8 de dezembro. A antecipação de eleições poderia favorecer May, pois o líder trabalhista, Jeremy Corbin, enfrenta baixa popularidade.

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