A China completou 70 anos da Revolução Comunista comandada por Mao Tsé-Tung em meio ao maior desfile militar da sua história e uma busca por consolidar seu poderio estratégico e também militar, e rivalizar com os Estados Unidos em busca do domínio global.
Para o diplomata Fausto Godoy, ex-conselheiro na Embaixada do Brasil em Pequim, o Brasil se tornou um parceiro estratégico para os chineses nessa busca por projeção global iniciada por Deng Xiaoping e continuada com vigor e disciplina pelo atual presidente, Xi Jinping, considerado o segundo líder mais importante da China.
Nesta entrevista, concedida à jornalista Renata Tranches, Fausto Godoy explica como os chineses construíram sua ascensão ao longo das últimas décadas, e explica que a China almeja se tornar a principal potência do século XXI.
A Revolução Permanente da China
As fronteiras políticas da China nunca foram civilizacionais e o confucionismo, que influencia até hoje o pensamento do governo chinês, faz com que o país se veja de um lado e, do outro, os bárbaros. "A China se sente como um conceito", afirma o diplomata Fausto Godoy.
Segundo ele, a China considera o período da colonização, no século 19, quando o país foi dominado pelo Império Britânico, como o "século das humilhações". Para superar isso, planejou a retomada da liderança global, mapeando 10 setores que vão levar a China a se tornar a grande potência do mundo até 2050.
Para Fausto, todo o mal provocado pelo século das humilhações e pelo colonialismo britânico, somado às ideias marxistas em voga no começo do século 20, levaram ao surgimento da República Popular da China, em 1949.