Em cinco dias de guerra, mais de 500 mil pessoas deixaram a Ucrânia

Refugiados deixam o país com pouca bagagem e viajam em trens, carros ou mesmo caminham até cidades fronteiriças

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Mais de 500 mil pessoas fugiram da Ucrânia para países fronteiriços desde o início da ofensiva militar russa, em 24 de fevereiro, informou o balanço mais recente da ONU. Milhares de mulheres e crianças fugiram em trens, carros e até caminhando até países na fronteira, enquanto homens em idade de combate são obrigados a ficar no país. 

"Mais de 500 mil pessoas fugiram da Ucrânia para países vizinhos", tuitou o alto comissário das Nações Unidas para os refugiados, Filippo Grandi, nesta segunda-feira, 28. 

Desde o início da ofensiva das tropas russas na quinta-feira, os civis buscaram proteção nos países vizinhos. Bagagens leves, de trem, de carro, às vezes a pé, mulheres e menores (principalmente), os países fronteiriços estão administrando sua recepção. 

Criança ucraniana olha pela janela de um carro preso no trânsito, enquanto sua família dirige em direção à fronteira Medyka-Shehyni, entre Ucrânia e Polônia, para fugir da guerra. Foto: Daniel Leal / AFP 

PUBLICIDADE

Polônia recebeu grande parte deles, 281 mil, segundo os dados mais recentes do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). Os guardas de fronteira poloneses informaram que quase 100 mil pessoas chegaram apenas ontem ao país, procedentes da Ucrânia, e mais de 28 mil, na madrugada desta segunda.

Na Polônia, onde já moravam 1,5 milhão de ucranianos antes da ofensiva russa, as pessoas se organizam nas redes sociais para arrecadar dinheiro e medicamentos, assim como para oferecer abrigo, refeições, trabalho, ou transporte gratuito, para os refugiados. 

A Hungria recebeu 84.586 refugiados, informou o Acnur, nesta segunda-feira. O país tem cinco postos de fronteira com a Ucrânia.

Várias cidades limítrofes, como Zahony, disponibilizaram edifícios públicos para receber ucranianos. Alguns civis oferecem refeições e outro tipo de ajuda.

Publicidade

Na Moldávia, 6.398 refugiados chegaram nesta segunda. E o Acnur calcula que 32.517 refugiados procedentes da Ucrânia entraram na Romênia. Eles foram instalados em dois acampamentos: um, em Sighetul; e outro, em Siret.

Quase 30 mil ucranianos viajaram desde a quinta-feira para a Eslováquia diante da ameaça da guerra.

Segundo o Acnur, outros 34.600 ucranianos buscaram refúgio em outros países europeus, mais afastados das fronteiras de seu país.

Ajuda 

A plataforma americana Airbnb anunciou, nesta segunda, que vai oferecer acomodação gratuita de curta duração para 100 mil ucranianos que fogem da invasão russa. Essas acomodações serão financiadas pela empresa, por doadores do fundo Airbnb para refugiados e por anfitriões. 

A empresa informou que trabalha com governos de vários países europeus para acolher refugiados ucranianos, inclusive em acomodações de períodos mais longos. O diretor da plataforma, Brian Chesky, e outros responsáveis da empresa enviaram cartas a líderes de Polônia, Alemanha, Hungria e Romênia. 

Resposta

Publicidade

Os países da UE começaram no domingo a organizar a recepção a centenas de milhares de ucranianos que fogem da ofensiva iniciada pela Rússia, e discutiram a possível concessão de uma proteção temporária.

Os ministros do Interior europeus pedem, em sua maioria, a implementação de uma Diretiva de Proteção Temporária, aprovada em 2002, mas, na prática, nunca usada. Essa iniciativa contempla a concessão de uma proteção temporária a refugiados de países vizinhos da UE e sua posterior distribuição entre os membros do bloco.

Pessoas aguardam por um trem para a Polônia, na estação ferroviária de Lviv, na Ucrânia. Foto: Yuriy Dyachishyn / AFP 

Os ucranianos com passaporte biométrico podem entrar no território da UE por um período de até três meses sem visto, mas a UE quer definir uma resposta mais ampla. A comissária europeia do Interior, Ylva Johansson, afirmou que este “é o momento certo” para implementar a diretiva.

A Bélgica foi um dos países que defenderam a sua implementação imediata. Ao chegar à reunião em Bruxelas, o ministro do Interior do país, Sammy Mahdi, defendeu a aplicação da diretiva para "garantir proteção em nível europeu. Estamos em um momento histórico da UE", ressaltou.

Para que possa ser implementado, o mecanismo requer o voto de 15 dos 27 países membros que representem pelo menos 65% da população do bloco. Ylva explicou que, neste momento, os ucranianos que entram no território europeu abrigam-se na casa de amigos ou parentes, e apenas um "número limitado" dessas pessoas apresenta um pedido de asilo. Ela viajou para a fronteira entre Romênia e Ucrânia nesta segunda-feira, para verificar as principais necessidades dos refugiados. / AFP e NYT

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.