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Centenas protestam em Cuba contra apagões e escassez de comida, e governo culpa EUA

Encarregado de negócios da embaixada americana em Havana foi convocado nesta segunda-feira à chancelaria por suposta interferência de Washington durante os protestos

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Por Redação

SANTIAGO DE CUBA - Centenas de cubanos foram às ruas de Santiago, uma cidade no leste do país a 800 quilômetros da capitaL, Havana, no domingo, 17, para protestar contra os apagões de luz e a falta de comida. O governo de Cuba culpou os Estados Unidos pela situação econômica na ilha e convocou um representante da embaixada americana para consultas nesta segunda-feira, 18.

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A mídia estatal confirmou os protestos na cidade, e nas redes sociais houve relatos de protestos em várias outras províncias cubanas. Vídeos mostrando pessoas gritando “Eletricidade e comida” foram rapidamente compartilhados em plataformas como X e Facebook.

“Várias pessoas expressaram seu desacordo com a situação do serviço elétrico e da distribuição de alimentos”, afirmou o presidente Miguel Díaz-Canel na rede social X. Ele alertou que “os inimigos da Revolução” tentam aproveitar o contexto, “com fins desestabilizadores”.

Cubano-americanos se reuniram no domingo, 17, em Miami, na Flórida, EUA, para apoiar os protestos de seus compatriotas em Cuba.  Foto: EFE/EPA/CRISTOBAL HERRERA-ULASHKEVICH

Em sua mensagem, Díaz-Canel responsabilizou dissidentes cubanos radicados nos Estados Unidos pelas manifestações, que, segundo ele incentivam ações contra a ordem interna do país.

O protesto aconteceu na avenida Trocha, uma área populosa de Santiago, que é a segunda maior cidade de Cuba, com 510 mil habitantes. Moradores que preferiram não se identificar relataram a agências internacionais de notícia que o serviço de internet de dados móveis para celulares foi suspenso na cidade.

Cuba enfrenta uma das piores crises econômicas e de energia da sua história. As ondas de apagões pioraram nas últimas semanas, aumentando a frustração de moradores com a escassez de alimentos e com a inflação. Nas últimas semanas, o país enfrentou vários dias de apagões de até 13 horas diárias.

Os cortes de energia têm aumentado devido às obras de manutenção na central termelétrica Antonio Güiteras, a mais importante da ilha. No fim de semana, o problema foi agravado pela escassez de combustível no país, necessário para abastecer as outras termelétricas.

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Horas após os protestos, a energia elétrica retornou e pelo menos dois caminhões carregados de arroz chegaram a Santiago, segundo o relato de um morador que falou sob condição de anonimato.

Protesto diplomático

O encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos em Havana, Benjamín Ziff, foi convocado esta segunda-feira à chancelaria por “comportamento de interferência” de Washington durante os protestos.

O vice-ministro Carlos Fernández de Cossío “transmitiu formalmente” a Ziff “a firme rejeição do comportamento intervencionista e das mensagens caluniosas do governo dos EUA e da sua embaixada em Cuba em relação aos assuntos internos da realidade cubana”, afirmou a chancelaria em comunicado.

Encarregado de negócios da embaixada americana em Havana foi convocado nesta segunda-feira à chancelaria por ‘comportamento de interferência’ de Washington durante os protestos. Na foto, Embaixada dos EUA em Havana. Foto: YAMIL LAGE/AFP

Fernández de Cossío destacou ainda a Ziff “a responsabilidade direta” de Washington “perante a difícil situação econômica que Cuba atravessa atualmente (...), sob o peso e o impacto do bloqueio econômico destinado a destruir a capacidade economica do país”, acrescentou o comunicado.

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Washington afirmou que estes protestos “refletem uma “situação desesperadora” e considerou “absurda” a acusação de que está por trás das manifestações, disse nesta segunda-feira, o porta-voz do Departamento de Estado, Vedant Patel.

A embaixada dos Estados Unidos em Cuba publicou uma mensagem na sua conta X no domingo à noite para exortar “o governo cubano a respeitar os direitos humanos dos manifestantes e a atender às necessidades legítimas do povo cubano”.

Os Estados Unidos mantêm um embargo econômico contra a ilha há mais de seis décadas, reforçado nos últimos anos, primeiro sob o mandato de Donald Trump (2017-2021) e mantido pelo seu sucessor Joe Biden.

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“Se o governo dos Estados Unidos tivesse uma preocupação mínima e honesta com o bem-estar da população cubana, retiraria Cuba da lista arbitrária de Estados que supostamente patrocinam o terrorismo”, acrescenta a comunicação./AFP e AP

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