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Etiópia e rebeldes do Tigré concordam em acabar com Guerra Civil após dois anos

Mediadores afirmam que forças da região ao norte do país e representantes do governos concordaram em cessar permanentemente as hostilidades

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Por Redação

O governo da Etiópia e as forças rebeldes da região de Tigré, no norte do país, concordaram nesta quarta-feira, 2, com o que chamaram de “cessação permanente das hostilidades” em uma guerra civil brutal que começou há dois anos. O anúncio dos mediadores foi feito após a última rodada de negociações de paz convocadas na África do Sul pela União Africana.

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“As duas partes no conflito etíope concordaram formalmente com a cessação das hostilidades”, disse Olusegun Obasanjo, ex-presidente nigeriano que liderou as negociações por mais de um ano. “Este momento não é o fim do processo de paz”, acrescentou, “mas o começo dele”.

A guerra civil na região começou em novembro de 2020 e levou à destruição e a conflitos brutais, que deixaram milhares de mortos e feridos, deslocou milhões e colocou muitos à beira da fome.

O representante do governo etíope Redwan Hussien e o delegado de Tigré Getachew Reda durante a assinatura das negociações lideradas pela UA para resolver o conflito no norte da Etiópia Foto: Siphiwe Sibeko/Reuters

As negociações começaram quando a guerra civil se intensificava e as tropas etíopes reivindicavam território em Tigré, auxiliadas por uma infusão de tropas do país vizinho da Eritreia, ao norte. A Eritreia, cujas tropas lutam ao lado das forças etíopes em Tigré, não fez parte das negociações formais de paz na África do Sul e não ficou imediatamente claro se esse país cumpriria o acordo.

O acordo assinado nesta quarta descreve um plano para permitir o acesso humanitário a Tigré, onde eletricidade, serviços bancários e outros serviços vitais foram cortados por mais de 16 meses. O acordo também prevê a reintegração do governo regional de Tigré no governo central, disse Uhuru Kenyatta, ex-presidente do Quênia, que também atuou como mediador.

Além disso, o acordo diz que a Força de Defesa Nacional da Etiópia será a única força militar reconhecida nacionalmente.

“O diabo estará na implementação”, disse Kenyatta, alertando que atores “destrutivos” não identificados “de dentro ou de fora” ainda podem atrapalhar o processo de paz - uma provável referência às forças da Eritreia e da etnia Amhara que lutam ao lado do militares etíopes.

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“Ainda temos muito trabalho a fazer em termos de iniciar o processo político”, disse ele. Mas uma conquista importante do acordo é que “a solução para os problemas da Etiópia está nas mãos do povo da Etiópia”, acrescentou.

Cerca de 500.000 pessoas morreram como resultado do conflito em Tigré, disse recentemente Linda Thomas-Greenfield, embaixadora americana na ONU. Os Estados Unidos temiam que a última onda de combates levasse a mais atrocidades, acrescentou./NYT

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