EUA e Rússia trocam acusações em encontro tenso de chefes diplomáticos sobre a Ucrânia

Apesar de Antony Blinken e Sergei Lavrov mencionarem um cenário de conflito na Ucrânia, ambos defenderam uma saída diplomática para a questão ucraniana

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Por Redação
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ESTOCOLMO - Menções a um cenário de conflito na Ucrânia foram uma constante durante o encontro do secretário de Estado americano, Antony Blinken, e o chanceler russo, Sergei Lavrov, nesta quinta-feira, 2, em Estocolmo. Enquanto o diplomata chefe do governo Biden se disse "profundamente preocupado"com os planos da Rússia de iniciar uma nova agressão contra a Ucrânia, o representante russo afirmou que "um retorno ao cenário de pesadelo de um confronto militar" está se formando por culpa da pressão dos aliados da Otan na fronteira russa.

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O encontro entre os chefes de diplomacia das duas maiores potências bélicas do mundo aconteceu durante uma reunião da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), que além dos rivais reuniu também a Ucrânia em Estocolmo.

"Estamos profundamente preocupados com os planos da Rússia de iniciar uma nova agressão contra a Ucrânia", disse Blinken, em um tom similar ao adotado durante outro pronunciamento, na quarta-feira, quando expressou preocupação sobre "evidências" de que a Rússia teria planos de lançar "ações agressivas contra a Ucrânia", durante uma reunião da Otan em Riga, na Letônia.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o ministro chancelerrusso, Sergei Lavrov, encontram-se em Estocolmo. Foto: Jonathan Nackstrand/Pool via REUTERS

O americano também alertou que se a Rússia continuar no caminho do "confronto", sofrerá "graves consequências" - também na quarta, o secretário de Estado já havia ameaçado Moscou com "duras sanções". Blinken, no entanto, afirmou que estava disposto a "facilitar" a implementação dos acordos de Minsk, firmados após a Rússia anexar a Crimeia em 2014 e que visam resolver o conflito no leste da Ucrânia entre Kiev e separatistas pró-russos.

Depois de listar as cláusulas dos acordos, afirmando que Moscou não as respeitou, Blinken acrescentou: "a melhor forma de prevenir uma crise é a diplomacia". Ele também pediu que a Rússia "diminua a escalada" de tensões e retire as tropas, que, segundo os ocidentais, estão destacadas na fronteira com a Ucrânia.

Apesar da troca de acusações, Bliken e Lavrov admitiram que melhor saída para o impasse é pela via diplomática. Foto: Jonathan Nackstrand/Pool via REUTERS

Lavrov, em contrapartida, alertou que um "retorno ao cenário de pesadelo de um confronto militar" está se formando e acusou a Otan de "trazer sua infraestrutura militar para mais perto das fronteiras russas". O ministro russo das Relações Exteriores também se opôs a uma eventual expansão da aliança do Atlântico para o leste que incluiria a Ucrânia, mas disse que estava aberto ao diálogo.

Lavrov declarou que Moscou deseja "garantias de segurança" em suas fronteiras e pediu ao seu homólogo americano que "não arraste a Ucrânia para o jogo geopolítico dos Estados Unidos", caso contrário Moscou seria "obrigada a tomar medidas para restabelecer o equilíbrio militar-estratégico".

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'Medidas dissuasivas'

Nesta quinta-feira, Blinken também se reuniu na capital sueca com seu colega ucraniano, Dmitro Kouleba, que reiterou seu pedido de implementação de "medidas dissuasivas" para que o presidente russo Vladimir Putin "pense duas vezes antes de recorrer à força militar".

Desde novembro, Kiev e seus aliados ocidentais alertam para um reforço das tropas russas na fronteira com a Ucrânia e a possibilidade de uma invasão durante o inverno.

A Rússia - que anexou a península da Crimeia e é acusada de apoiar os separatistas - nega que esteja preparando um ataque e repreende a Otan por aumentar a tensão.

O Kremlin disse nesta quinta-feira que a disposição da Ucrânia de reconquistar a Crimeia constitui uma "ameaça direta" à Rússia.

Além da questão da Ucrânia, as últimas semanas foram marcadas pela crise migratória na fronteira de Belarus com a União Europeia e uma breve escalada dos confrontos entre a Armênia e o Azerbaijão, todos países membros da OSCE.

Os países da UE concordaram na quarta-feira sobre novas sanções contra Belarus, e os Estados Unidos disseram que anunciariam novas medidas punitivas "muito em breve"./ AFP

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