Retirados de Fukushima são forçados a voltar apesar da alta radiação, diz ONG

Níveis superam em mais de duas vezes o recomendado por autoridades sanitárias e ameaçam saúde dos moradores

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TÓQUIO - O Greenpeace e outras ONGs denunciaram nesta terça-feira,7, que o governo japonês está forçando moradores de Fukushima que deixaram suas casas após o vazamento na usina nuclear a retornar a seus lares em zonas próximas à central acidentada e declaradas seguras, apesar dos elevados níveis de radioatividade.

Essas são as conclusões de um relatório realizado pelo Greenpeace Japão, Human Rights Now e outras ONGs japonesas, e baseado em medições da radioatividade em áreas próximas à usina de Fukushima Daiichi. O documento, apresentado hoje em entrevista coletiva, afirma que a radiação em grande parte da cidade Iitate - declarada habitável a partir de abril - supera amplamente o nível seguro para a saúde humana.

Funcionários da prefeitura de Fukushima analisam dados após o tremor de terça-feira Foto: AFP PHOTO / JIJI PRESS / JIJI PRESS

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As ONGs detectaram níveis de até 2,61 milisieverts anuais, mais do que o dobro do teto de 1 milisievert recomendado pela Comissão Internacional de Proteção Radiológica (CPR). Acumulada, a radiação representa um sério risco a longo prazo para que os retornam a seus lares.

"Não há retorno possível à normalidade em Iitate", afirmou o especialista do Greenpeace Kendra Ulrich, que acrescentou que à indústria atômica não interessa que exista uma ampla zona de exclusão, já que simboliza a irreversibilidade de um acidente nuclear.

Além disso, no final de mês terminará o programa de ajudas estatais para os retirados de Fukushima. Cerca de 12 mil pessoas ficarão sem estas ajudas em abril, o que na prática significa uma coação econômica e um violação deliberada de seus direitos básicos, na avaliação do Greenpeace.

"É um crime fazer as pessoas voltarem a zonas que não são seguras. Estamos sendo abandonados pelo governo", afirmou Noriko Matsumoto, representante de um centro de ajuda a evacuados e colaboradora do relatório. /EFE

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