Ex-segurança de Macron acusado de agredir manifestantes admite que ‘cometeu um erro’

Alexandre Benalla afirmou em entrevista ao ‘Le Monde’ que as pessoas que propagaram o escândalo querem ‘prejudicar’ o presidente francês

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PARIS - O ex-responsável de segurança do presidente da França, Emmanuel Macron, admitiu nesta quinta-feira, 26, que "cometeu um erro" ao agredir dois manifestantes durante um protesto, mas denunciou que as pessoas que propagaram o escândalo querem "prejudicar" o mandatário francês.

"Tenho a sensação de ter cometido uma grande idiotice, de ter cometido um erro", disse Benalla Foto: Philippe Wojazer / Reuters

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"Tenho a sensação de ter cometido uma grande idiotice, de ter cometido um erro (...). Nunca deveria ter ido a essa manifestação como observador, e talvez devesse ter permanecido à margem", afirmou Alexandre Benalla, em entrevista ao jornal Le Monde.

A publicação revelou o caso na semana passada, mergulhando o governo Macron em sua pior crise política. Em um vídeo amador, vê-se Benalla, com um capacete e uma braçadeira da polícia, agredindo dois manifestantes durante um protesto em Paris, no dia 1.º de maio, Dia dos Trabalhadores.

As revelações de que a presidência estava a par do incidente e não informou a Justiça, como determina a lei, levantaram fortes críticas da oposição, que viu nisso uma tentativa de acobertar o caso.

No vídeo, Alexandre Benalla aparece agredindo violentamente um manifestante que já estava no chão Foto: Nicolas Lescaut / AP

Indiciado por violência e usurpação de funções, Benalla disse "assumir" seu ato. "Não estou na teoria conspiratória", afirmou. "Mas, sobre o que aconteceu depois, tenho dúvidas. Havia, em primeiro lugar, um desejo de prejudicar o presidente da República. Disso não tenho dúvida", acrescentou.

"Tentaram me atingir (...) e era também uma oportunidade de atingir o presidente", apontou ele. Segundo Benalla, "as pessoas que revelaram o caso estão num nível muito alto (...), como políticos e polícia".

'Tempestade em copo d'água'

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Após seis dias de silêncio absoluto e sob pressão da oposição, Macron assumiu na noite de terça-feira sua "responsabilidade" pelo escândalo.

"O que aconteceu em 1.º de maio (...) é grave, sério e, para mim, foi uma decepção, uma traição", afirmou Macron, referindo-se àquele que foi, desde a campanha presidencial de 2017, um de seus mais próximos homens de confiança.

Nesta quinta, em conversa com a agência de notícias France-Presse no sudoeste da França, o presidente mudou ligeiramente o tom, avaliando que o "caso Benalla" é "apenas uma tempestade em copo d'água".

Para Macron,o "caso Benalla" é "apenas uma tempestade em copo d'água" Foto: Charly Triballeau / AFP

"Eu disse o que tinha a dizer, ou seja, que acredito que seja uma tempestade em um copo d'água. E, para muitos, é um tormento", disse Macron a uma jornalista, antes de se reunir com uma delegação de agricultores.

"Isso não me afeta muito, não se preocupe. Estou com meus concidadãos", acrescentou o mandatário, que passou cinco minutos na frente da prefeitura de Campan dans les Hautes-Pyrénées (sudoeste) cumprimentando a multidão.

Alguém gritou "Bom dia, Manu". O presidente respondeu com um sorriso: "Ah não, não me provoque". No dia 18 de junho, em uma polêmica conversa com um adolescente que o chamou de "Manu", Macron deu uma bronca: "Você deve me chamar de senhor presidente da República ou senhor, entendeu?". / AFP

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