França retira embaixador da Itália após reunião entre vice-premiê italiano e coletes amarelos
Luigi di Maio participou de encontro com os coletes amarelos, que protestam todo sábado na França desde novembro do ano passado
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Por Redação
Atualização:
PARIS - A França ordenou a retirada do seu embaixador da Itália, anunciou nesta quinta-feira, 7, uma porta-voz do Ministério das Relações Exteriores francês. A decisão ocorre após o vice-primeiro-ministro italiano, Luigi di Maio, participar de uma reunião com membros dos coletes amarelos, que organizam protestos contra o governo de Emmanuel Macron desde novembro do ano passado.
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O embaixador francês foi chamado de volta para “consultas”, disse a representante da chancelaria, Agnes von der Muhll, exigindo que a Itália voltasse a ter relações amigáveis dignas “do nosso destino comum”. Segundo ela, a França “tem sido, por meses, alvo de ataques repetidos e sem fundamento”.
Nesta semana, Di Maio, se encontrou com apoiadores dos coletes amarelos que pretendem participar das eleições para o Parlamento Europeu, marcadas para maio deste ano. O italiano afirmou que o seu movimento populista está pronto para ajudar os manifestantes antigovernamentais da França, acusando Paris de incentivar a crise migratória pelo continente e de criar a pobreza na África.
Protestos dos coletes amarelos na França
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Coletes amarelos na França
Com mais de 420 mil manifestantes e um alto número de feridos em confronto com a polícia, os protestos dos coletes amarelos são considerados os mais v... Foto: Michel Euler/APMais
Coletes amarelos na França
A origem do nome “coletes amarelos” vem da jaqueta de sinalização de trânsito que, pela legislação federal francesa, todos os carros da França devem t... Foto: Pascal Guyot / AFPMais
Coletes amarelos na França
Uma das características do movimento dos coletes amarelosé que não há líderes nem filiação com partidos políticos Foto: Benoit Tessier/REUTERS
Coletes amarelos na França
Manifestante de colete amarelo usa máscara de Guy Fawkes enquanto faz o sinal de vitória com a mão Foto: Abdulmonam EASSA / AFP
Protestos na França
O Arco do Triunfo, famoso monumento parisiense, foi vandalizado e pichado no terceiro dia de mobilização, em 1º de dezembro. Estima-se que os danos po... Foto: Abdulmonan Eassa / AFPMais
Coletes amarelos na França
Confrontos com a polícia geraram mais de 500 feridos e 4 mortos em decorrência das manifestações Foto: YOAN VALAT/EPA/EFE
Protestos na França
Na noite de 1º de dezembro, 112 veículos foram queimados no centro de Paris, lojas foram saqueadas e 130 barricadas foram erguidas entre opulentos edi... Foto: Abdulmonam Eassa / AFPMais
Coletes amarelos na França
Na foto, um colete amarelo na manifestação de Marselha, cidade litorânea da França. Os protestos aconteceram em todo o país nas três semanas de manife... Foto: Claude Paris/AP PhotoMais
Coletes amarelos na França
Pichação no Arco do Triunfo, em Paris, diz: "Os coletes amarelos triunfarão" Foto: YOAN VALA/EPA/EFE
Policias prendem manifestante
Durante os protestos de sábado, 8, mais de700 manifestantes foram presos ecerca de 400ficaram feridas. Foto: YOAN VALA/EPA/EFE
Agnes considerou “inaceitável” a interferência na democracia francesa e sem precedentes desde que os dois países vizinhos se juntaram após a 2ª Guerra para criar a União Europeia. “Ter discordâncias é uma coisa, mas manipular um relacionamento para fins eleitorais é outra”, acrescentou o ministério francês.
O ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, respondeu que está disposto a começar do zero a sua relação com o presidente Emmanuel Macron, contanto que o francês esteja disposto a "rever três questões fundamentais”: parar de enviar imigrantes de volta para a Itália, interromper as demoradas checagens na fronteira e entregar cerca de 15 militantes de esquerda que conseguiram asilo na França nas décadas passadas.
O Ministério de Relações Exteriores da Itália não fez comentários sobre a decisão francesa, algo que, segundo um diplomata, não acontecia desde 1945. / AP e REUTERS