No caso do apoio de grupos na região, temos que diferenciar dependendo do país. O Hezbollah, no Líbano, tem uma ligação fraternal com as Guardas Revolucionárias. Não existiria se não fosse o Irã. O mesmo vale para algumas milícias xiitas iraquianas. Mas o cenário é diferente para o regime de Bashar al Assad, que possui apenas uma aliança estratégica, mas não ideológica, e para os houthis, com uma ligação bem inferior ao regime de Teerã do que a propagada no exterior.
Irã e os Houthis
Os iranianos não se arriscarão para defender os houthis, assim como não se arriscaram para defender os xiitas de Bahrain que foram massacrados pela monarquia Al Khalifa e seus aliados sauditas. Sem falar que os houthis não são xiitas, mas seguidores do zaydismo, uma outra vertente do islamismo.
Irã e as milícias xiitas do Iraque
No caso dos xiitas do Iraque, são fundamentais para combater a Al Qaeda e o ISIS (Grupo Estado Islâmico). Perderiam, porém, força com o fortalecimento do governo iraquiano, por si só um aliado iraniano.
Irã e Assad
Assad tem importância por causa do Hezbollah. Não fosse por isso, os iranianos não perderiam tempo o protegendo. O líder sírio, por sua vez, até negociou, ainda que sem sucesso, a paz com Israel. Mudaria de lado dependendo do contexto. É bobagem quando dizem haver ligação religiosa. O líder sírio é laico e muçulmano alauíta, casado com uma sunita, e apoiado por cristãos, drusos e a elite sunita. Os xiitas quase inexistem na Síria e são politicamente insignificantes.
Irã e o Hezbollah
Já o Hezbollah serve para o Irã como garantia de dissuasão contra Israel. Sem a bomba atômica, o regime de Teerã mantém esta milícia ultra bem armada de prontidão para agir contra os israelenses em caso de uma guerra. Suponha que Netanyahu bombardeie instalações nucleares no Irã - provavelmente, a resposta iraniana imediata seria via Hezbollah.
Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires
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