Às vésperas da segunda – e decisiva – votação sobre o Brexit no Parlamento britânico, ninguém sabe o que acontecerá. Não está afastado nem o espectro caótico de saída da União Europeia sem acordo no dia 29. Evitá-lo dependeria da extensão no prazo do divórcio, sujeita à aprovação de todos os países da UE. Eis as alternativas diante dos britânicos:
1. Nada é aprovado no Parlamento, e o divórcio ocorre no fim do mês sem acordo. Seria o caos. Nem Reino Unido nem UE estão preparados. É o cenário menos provável.
2. A premiê, Theresa May, obtém, pela pressão do prazo, aprovação do acordo rejeitado em janeiro, incluindo o dispositivo de segurança (“backstop”) para evitar controles fronteiriços entre as Irlandas. Improvável.
3. O acordo é aprovado, sujeito a novo referendo popular. Tal hipótese ajudaria May a conquistar o apoio de opositores do Brexit, que depositam a esperança de anulá-lo numa nova votação. Também improvável.
4. O acordo é rejeitado, mas o Parlamento impõe a condição de que não haverá saída da UE sem acordo e pede extensão de prazo. É o cenário mais provável.
Neste último cenário, May terá uma opção dura. Ou se livra do “backstop” para agradar à ala separatista dos conservadores, mas descontenta os norte-irlandeses que sustentam sua coalizão, ou então transforma o acordo numa união aduaneira permanente com a UE para atrair o apoio dos trabalhistas, mas leva seu partido ao racha. Nenhuma das escolhas será feliz para ela. Nem para o país.
Sem acordo, pode faltar até papel higiênico
Não bastassem ameaças de filas nos portos e linhas e trem, violência na fronteira entre as Irlandas e falta de comida, a Foreign Policy faz um novo alerta: caso se concretize o Brexit sem acordo no fim do mês, faltará papel higiênico no Reino Unido. Cada britânico consome 110 rolos anuais (recorde europeu). De todo o papel consumido no país, 85% vem de fora (60% da UE). O problema não seria novas tarifas, mas a burocracia na importação, com risco de desabastecimento por até seis meses.
Republicanos evitam políticas conservadoras
Estudioso da polarização nos Estados Unidos, o cientista político Matt Grossmann se debruça em seu próximo livro sobre um paradoxo: embora republicanos tenham conquistado governos e legislaturas locais, isso não resultou em políticas mais conservadoras, exceto na educação. Financiamento de campanha, direitos civis e dos homossexuais, meio ambiente, saúde, drogas, impostos e legislação eleitoral, ao contrário, caminharam para a esquerda. Aborto, armas, imigração e leis trabalhistas são os temas mais polarizadores.
A fantasia do ‘lobby israelense’ nos EUA
A deputada Ilhan Omar levantou uma antiga fantasia antissemita, ao insinuar o poder do “lobby israelense” sobre a política americana. Em 2018, organizações de apoio a Israel doaram meros US$ 10,6 milhões a parlamentares e ficaram em 34.º na lista de doadores, atrás das indústrias financeira, farmacêutica, petrolífera, eletrônica, hospitalar, bélica, das ONGs e dezenas de outras. O Comitê Americano-Israelense de Assuntos Públicos (Aipac), citado por Omar, nem entra na lista dos 50 maiores grupos de lobby: gastou, segundo dados do Center for Responsive Politics, US$ 3,5 milhões de um total de US$ 5 milhões despendidos por grupos na defesa de Israel.
Jovens americanos abandonam Facebook
Mais de 15 milhões abandonaram o Facebook nos Estados Unidos nos últimos dois anos, revela um levantamento da Edison Research. Os usuários caíram para 172 milhões. No público entre 12 e 34 anos, há 17 milhões a menos. Os jovens se sentem atraídos por outras redes sociais, sobretudo Instagram (do próprio Facebook) e Snapchat.
Spielberg quer afastar Netflix do Oscar
Depois de a Netflix levar três estatuetas com Roma, o cineasta Steven Spielberg, líder da academia que concede o Oscar, quer tirar do prêmio os filmes lançados em serviços de streaming. Ele acredita que o cinema para TV representa outra forma de arte. Cineastas se queixam de que as novas regras favoreceriam apenas obras lançadas por grandes distribuidoras.