O apoio ao impeachment do presidente americano, Donald Trump, cresceu depois que veio à tona o imbróglio envolvendo ele e o ucraniano, Volodmir Zelenski. Pela primeira vez, desde agosto de 2018, mais americanos apoiam do que rejeitam a abertura do processo para tirar Trump do cargo.
Mas a diferença é pequena. Segundo a média do site FiveThirtyEight, 47% dos americanos são favoráveis ao impeachment, 45% contrários. A polarização partidária separa as opiniões. Entre democratas, o apoio subiu de 72% para 79%; entre independentes, de 34% para 42%. Entre republicanos, apenas flutuou de 10% para 12%.
O indicador mais relevante eleitoralmente não saiu do lugar. A popularidade de Trump mantém-se em patamar idêntico ao anterior às denúncias. A aprovação do governo está em 41%, segundo o FiveThirtyEight, ou 43%, segundo o RealClearPolitics. A reprovação, pouco abaixo de 54%.
Dadas as características eleitorais americanas, os números são tão favoráveis à reeleição quanto há um mês ou há um ano. Trump não precisa da maioria dos votos para vencer (Hillary Clinton teve quase 2,9 milhões a mais e perdeu). Precisa apenas ganhar nos Estados onde já ganhou em 2016 - e onde, aparentemente, a população local não tem dado muita bola ao favor que ele pediu a Zelenski.
- Warren: a nêmesis de Mark Zuckerberg
Mark Zuckerberg já foi acusado de ajudar a eleger Trump, de censurar vozes da direita no Facebook e de agir como autômato prepotente. Sua nêmesis atual é a senadora Elizabeth Warren, que desponta nas primárias democratas defendendo a quebra dos monopólios digitais.
“Se ela for presidente, aposto que teremos um desafio jurídico”, afirmou Zuckerberg em julho, segundo revelou o Verge. “É uma m…? Sim, não quero um processo contra nosso governo.”
Warren respondeu no rival Twitter: “Seria realmente uma m… se não consertássemos um sistema corrupto, que permite a empresas gigantes como o Facebook adotar práticas anticompetitivas, pisar na privacidade dos consumidores e evadir-se repetidas vezes da responsabilidade de proteger nossa democracia”.
- Não haverá novo acordo para o Brexit este mês
Dois obstáculos tornam inviável o acordo proposto por Boris Johnson para tirar o Reino Unido da União Europeia (UE) até o fim do mês.
Primeiro, não há chance de que a UE aceite as condições. Controles alfandegários entre as Irlandas, mesmo longe da fronteira, trariam risco à paz. Seria inaceitável conferir apenas aos norte-irlandeses o poder de decidir ficar na união aduaneira europeia.
Tornar a permanência obrigatória esbarraria no segundo obstáculo: Boris perderia o apoio necessário ao novo acordo no Parlamento, tanto dos norte-irlandeses quanto dos radicais do Brexit, para quem não deve restar nenhum elo depois do divórcio. A fraqueza dele é patente. Nada custa à UE dizer não, já que a lei britânica passou a obrigá-lo a pedir adiamento caso não haja acordo até dia 19.
- Desigualdade tem elo com autoritarismo, diz estudo
A desigualdade aumenta o desejo por líderes autoritários, concluiu uma pesquisa em 28 países de cinco continentes, publicada na revista acadêmica Psychological Science. Os pesquisadores afirmam que a desigualdade amplia a percepção de que “a sociedade está se esfacelando (anomia) e de que um líder forte é necessário para restaurar a ordem (mesmo quando tal líder está disposto a desafiar valores democráticos)”.
- Livro explica razões para sucesso do capitalismo
Em Capitalism, Alone (“Capitalismo, Sozinho”), o economista sérvio-americano Branko Milanovic - autor da leitura definitiva sobre a desigualdade global - constata que, nas últimas décadas, pela primeira vez, o planeta é regido por um só sistema econômico: o capitalismo, que prevaleceu, em todas as suas variantes, pela capacidade singular de gerar mais riqueza.
Isso ocorreu apesar da exacerbação de “certos traços humanos questionáveis, do ponto de vista ético”. Dado o êxito, diz Milanovic, não há como transformar a realidade. Ele promove no livro um acerto de contas com as duas grandes narrativas econômicas do século 20: a marxista e a liberal. Nenhuma, afirma, é satisfatória.