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Hillary e Sanders partem para o ataque e trocam farpas em debate acalorado em NY

Encontro entre os dois políticos, transmitido na noite de quinta-feira pela CNN, foi o mais duro desde o início da campanha; primária no no Estado será realizada na terça-feira

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Por Redação
Atualização:

NOVA YORK - Os pré-candidatos democratas à presidência dos Estados Unidos, Hillary Clinton e Bernie Sanders, trocaram críticas e acusações no debate realizado na noite de quinta-feira, 14, o mais intenso e duro até agora na campanha que definirá o nome do partido na corrida pela Casa Branca.

O debate, televisionado pela emissora "CNN", foi o último antes das eleições primárias do Estado de Nova York, que acontecem na próxima terça-feira, e serão cruciais para definir as posições democratas e republicanas para as eleições de novembro.

Hillary e Sanders se desentendem em um dos vários momentos em que trocaram acusações no debate promovido pela CNN Foto: Justin Sullivan/Getty Images/AFP

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Desde o início do debate, Hillary e Sanders decidiram atacar um ao outro, seguindo o tom de suas campanhas, cuja rivalidade se acirrou nos últimos dias em busca do apoio dos eleitores democratas de Nova York.

"Este debate foi diferente porque o lado de Hillary está ficando nervoso", afirmou Sanders em declarações posteriores ao fazer um balanço de sua participação e da ex-secretária de Estado nas duas horas de discussões sobre diferentes temas.

Hillary garantiu até agora o apoio de 1,776 delegados para a Convenção Nacional do Partido Democrata que escolherá o candidato presidencial do partido, frente aos 1,118 de Sanders. Para garantir a indicação, são necessários 2.383 delegados.

Os 291 que estão em jogo em Nova York representam o maior número em um único Eestado antes das primárias da Califórnia, que acontecem em 7 de junho e onde estarão em disputa outros 546 delegados, por isso as eleições internas de terça-feira são cruciais nesse processo.

No debate, Sanders e Hillary utilizaram argumentos já mencionados em outros discursos e comícios recentes, mas com um tom muito intenso, e com várias interrupções para aplausos e vaias dos que assistiam ao evento.

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A ex-secretária de Estado dos Estados UnidosHillary Clinton lidera disputa democrata pela indicação do partido na convenção nacional. Foto: REUTERS/Lucas Jackson

No choque entre os dois políticos, Hillary e Sanders elevaram o tom de voz em várias ocasiões, em temas como o aumento do salário mínimo e sobre como aumentar as receitas da Seguridade Social. Mas também surgiram assuntos da agenda internacional, como a posição dos Estados Unidos no conflito sírio e, especialmente, a visão que Hillary e Sanders têm em relação ao apoio a Israel frente aos ataques palestinos.

Sanders, filho de imigrantes judeus poloneses e firme defensor de Israel, qualificou como "desproporcionais" os ataques de Israel contra a Faixa de Gaza há quase dois anos que, como lembrou, causaram a morte de 1,5 mil palestinos e ferimentos em outros 10 mil.

"E quem diz isso é alguém que é 100% pró-Israel", insistiu o pré-candidato. "Deveríamos tratar os palestinos com respeito e dignidade", comentou Sanders, que soube atrair durante sua campanha as posições mais à esquerda do eleitorado americano.

Hillary, por sua vez, evitou responder diretamente quando foi perguntada se também pensava que a reação israelense tinha sido desproporcional, e lembrou que Israel é um país "que está sob constante ameaça terrorista". "Isso não significa que precauções não devem ser tomadas" durante a resposta militar a esses ataques palestinos, disse a ex-secretária de Estado.

Os dois pré-candidatos também lembraram suas respectivas votações no Senado, Hillary representando Nova York e Sanders o Estado de Vermont, em temas como o apoio à Guerra do Iraque e as restrições ao comércio de armas para particulares.

O senador Bernie Sanders Foto: AP Photo/Seth Wenig

Sanders defendeu a "revolução política" que vem promovendo, disse que é preciso "ter guelras" para adotar posições radicais, e acusou Hillary de receber apoio das grandes corporações e do mundo financeiro de Wall Street.

Em uma das trocas de acusações, Sanders exigiu que Hillary revelasse a transcrição de um discurso privado que ofereceu a diretores do grupo financeiro Goldman Sachs para saber quais foram as promessas que fez.

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Em resposta, Hillary disse que o faria quando Sanders divulgasse suas declarações de impostos de anos passados, algo que o senador por Vermont afirmou que não tinha feito ainda por falta de tempo, mas prometeu cumprir com esse passo nesta sexta-feira.

Sanders acusou Hillary de falhar em seus "julgamentos" devido ao apoio que deu para a Guerra do Iraque, ao apoio a acordos comerciais aos que ele se opõe e aos "milhões de dólares" que ele afirma que ela recebeu das companhias financeiras de Wall Street.

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Esses argumentos foram os mesmos que Sanders utilizou para criticar Hillary durante um comício recente, quando afirmou que a ex-secretária de Estado não estava "qualificada" para ser presidente dos EUA, uma frase que corrigiu posteriormente e que ainda tenta apagar.

"Já me chamaram de muitas coisas na minha vida, mas esta é a primeira vez que me chamam assim", disse Hillary ao se referir à suposta falta de "qualificação" que lhe foi atribuída por Sanders naquele comício, um tema que foi abordado neste debate.

Com o evento de quinta, Hillary e Sanders tentaram ampliar seus respectivos apoios, levando em conta que o senador ganhou em sete das últimas oito prévias eleitorais em diferentes Estados, mas a ex-primeira dama segue liderando na contagem de delegados. 

Ao fim do debate de duas horas, a empresa de análise de mídias sociais Brandwatch relatou que Sanders recebeu mais de 173 mil menções no Twitter, sendo 55% delas positivas, enquanto Hillary recebeu mais de 191 mil menções, sendo 54% negativas. As menções a Hillary foram mais negativas do que positivas em dois dos três debates anteriores.

Sanders, de 74 anos, fará uma pequena pausa na campanha nesta sexta-feira para viajar ao Vaticano, onde fará um pequeno discurso em uma conferência sobre economia mundial e justiça social. Sanders, que irá voltar a Nova York para campanha no domingo, disse que a viagem não é um apelo político para eleitores católicos, mas uma mostra de admiração ao papa Francisco. / EFE e REUTERS

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