Irã condena à morte rapper que apoiou protestos contra a morte de jovem que não usava véu

Toomaj Salehi, que está preso desde 2022, foi acusado de corrupção, um dos crimes mais graves do país; defesa diz que irá apelar

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Por Redação

Um famoso rapper iraniano, preso há quase dois anos por ter apoiado protestos contra a morte de Mahsa Amini, foi condenado à execução na quarta-feira, 24, de acordo com a imprensa local. Toomaj Salehi, de 33 anos, foi acusado de corrupção, um dos crimes mais graves do país.

Salehi foi preso em outubro de 2022 após as manifestações em massa desencadeadas pela morte de Amini, uma jovem de 22 anos que foi presa por supostamente usar o véu islâmico incorretamente. Ela morreu enquanto estava detida pela polícia, e seus familiares alegam que ela sofreu um golpe na cabeça — algo que as autoridades negam.

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O tribunal do Irã acusou o rapper de “assistência à sedição, reunião e conspiração, propaganda contra o sistema e incitação a rebelião”, segundo seu advogado Amir Raesian, por ele ter apoiado os protestos. Raeisian chamou a sentença de “sem precedentes” e anunciou que apelará da decisão.

“A primeira câmara do Tribunal Revolucionário de Isfahan condenou Tomaj Salehi à mais severa punição, a morte, sob a acusação de corrupção no país”, afirmou Raeisian ao jornal reformista Shargh. O advogado explicou que o tribunal considerou as acusações contra Salehi como exemplos de “corrupção no país” e, portanto, proferiu a sentença de morte contra o músico.

Morte de Amini provocou fortes protestos que resultaram em 500 mortos e pelo menos 22 mil detidos. Oito pessoas foram executadas pelo regime de Teerã. Foto: Markus Schreiber/AP/arquivo

A morte de Amini provocou fortes protestos que, durante meses, pediram o fim da República Islâmica e só diminuíram depois de uma repressão que deixou 500 mortos e pelo menos 22 mil detidos e na qual oito manifestantes foram executados, um deles em público.

Muitas mulheres deixaram deusar o véu após os protestos como um gesto de desobediência civil e, recentemente, as autoridades acionaram a chamada Polícia da Moralidade de volta às ruas para impor novamente o uso da vestimenta islâmica./EFE e AFP.

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