A crise econômica já derrubou 12 governos na Europa. Alguns derrotados nas urnas, outros pelo mercado e outros ainda empurrados para fora de seus tronos por Angela Merkel. Mas nas eleições do dia 17 de junho na Grécia, a Europa irá se deparar com um dilema: respeitar a decisão soberana de um povo ou manter um projeto político de integração que representa o fim de séculos de guerras no continente.
Na Grécia, o líder da Coalizão de Esquerda, Alexis Tspiras, que lidera as pesquisas, insiste que seu partido não quer o fim do euro na Grécia. Apenas quer que as exigências de austeridade sejam repensadas. Seu estilo, porém, fez o chefe dos conservadores, Antonis Samaras, o comparar a Hugo Chavez. Bolivariano ou não, a realidade é que o jovem de 37 anos existe e seu discurso tem encontrado apoio entre os gregos. Bruxelas não como negar isso.
Até o dia 17, europeus vão promover um verdadeiro terrorismo do que significaria a saída da Grécia da zona do euro, na esperança de assustar tanto que os próprios gregos passariam a temer o dracma. Na verdade, como disse uma rádio de Atenas, seria o "dragmagedon", uma espécie de meteorito que atingiria a Grécia e causaria o caos.
Se o terrorismo financeiro não funcionar, a Europa tem sempre outra opção: trocar de povo. Um jornalista indiano e que há décadas acompanha os maiores eventos econômicos mundiais, C. Raghavan, fez bem em lembrar nesta semana um comentário de Berthold Brecht.
Brecht era da Alemanha Oriental e fugiu para o Ocidente, se transformando em um dos maiores críticos do regime comunista de então, alertando para as incoerências entre Marx e os regimes.
Em junho de 1953, depois da revolta na Alemanha Oriental ter sida abafada pela polícia e pelo Exército Soviético, sindicatos ligados ao estado distribuíram panfletos alertando que havia sido a população uem traiu o governo e que poderiam reconquistar a aliança e confiança redobrando esforços.
Brecht respondeu de forma brilhante: "Não seria mais fácil nesse caso para o governo dissolver o povo e eleger outro?"