Justiça aprova reeleição de Musharraf

Ele pode deixar farda amanhã para assumir como civil o novo mandato

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Por Islamabad
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A Corte Suprema do Paquistão rejeitou ontem a última ação contra a reeleição, em 6 de outubro, do presidente Pervez Musharraf e aprovou sua permanência no cargo. Musharraf prometera que, quando a Suprema Corte aprovasse sua reeleição, deixaria a chefia do Exército para tentar acabar com as críticas de opositores e governos estrangeiros contra o estado de emergência que ele decretou no dia 3. O procurador-geral do Paquistão, Mohamed Qayyum, indicou que Musharraf pode deixar a farda amanhã, para assumir seu segundo mandato como um presidente civil. O veredicto favorável já era esperado depois que Musharraf destituiu seis juízes do Supremo, suspendeu a Constituição e deteve milhares de opositores. Musharraf emendou na noite de quarta-feira a Constituição por decreto para dar base legal à declaração de emergência e às ações que adotou nos últimos dias. A emenda estipula que a declaração de estado de exceção foi feita de forma "válida" e "não será questionada por nenhum tribunal ou órgão". Em entrevista à rede BBC, Musharraf tinha admitido que a declaração não tinha sido constitucional, mas defendeu a medida em nome "dos interesses do país". Ontem, o ex-jogador de críquete Imran Khan anunciou que seu partido boicotará as eleições parlamentares de 8 de janeiro. Khan foi libertado na quarta-feira, após permanecer vários dias detido e iniciar uma greve de fome. O ex-astro do críquete também pediu aos outros partidos de oposição que boicotem as eleições, afirmando que o processo eleitoral é "uma fraude completa" armada para reforçar o poder de Musharraf. Os outros partidos ainda não decidiram se vão aderir ao boicote ou manter sua luta por eleições livres. Ainda ontem, o ex-premiê Nawaz Sharif, que foi deposto por Musharraf em 1999 e vive no exílio na Arábia Saudita, obteve um acordo com o governo saudita que lhe permitirá voltar ao Paquistão para disputar as eleições de janeiro, disse o presidente de seu partido, Chaudhry Shujaat Hussain. Ele não deu detalhes sobre o acordo. O governo paquistanês negou-se a informar se permitirá a entrada de Nawaz Sharif. Os 53 países da Commonwealth (Comunidade Britânica de Nações) decidiram suspender o Paquistão, depois que Musharraf ignorou um ultimato para levantar o estado de emergência. AP E EFE

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