O filho do líder rebelde congolês Laurent Kabila, Joseph Kabila, tomou posse nesta quarta-feira como primeiro presidente eleito pelo voto popular na República Democrática do Congo (RDC, ex-Zaire) em mais de quatro décadas. Principal incentivador de um processo de paz em seu país, Kabila, de 35 anos, foi empossado por magistrados da Suprema Corte em frente ao palácio presidencial, em Kinshasa. Milhares de pessoas assistiram à cerimônia de posse, muitas delas com guarda-sóis nas cores azul, vermelho e amarelo, as cores nacionais do Congo. Vários chefes de Estado e governo do continente africano, e o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, assistiram à posse. Kabila fez seu juramento depois de orações islâmicas, cristãs e de religiões africanas. "Este momento marca o início de uma nova era que deve proporcionar bem-estar e desenvolvimento ao povo do Congo", declarou. "O Congo do futuro ajudará a estabelecer a ordem em toda a África." Kabila foi reeleito para o cargo ao vencer o segundo turno das eleições presidenciais, realizadas em 29 de outubro, e nas quais concorreu com o ex-vice-presidente Jean-Pierre Bemba. Este ocupava a Presidência da RDC desde o dia 26 de janeiro de 2001, quando substituiu no poder seu pai, Laurent Kabila, assassinado por um segurança. Volta à democracia Esta é a primeira vez, em mais de 40 anos, que a RDC conta com um presidente eleito democraticamente. O país, que se tornou independente da Bélgica em 30 de junho de 1960, viveu quatro décadas de guerras civis, ditaduras e golpes de Estado. Ao jurar seu cargo perante representantes da Corte Suprema, por volta das 14h (10h de Brasília), Kabila se comprometeu a defender os interesses gerais e a "ser um servidor fiel" de seu povo. Já a presidência da União Européia (UE), que enviou um comunicado de congratulação, aproveitou a posse de Kabila para pedir que os políticos do país unam seus esforços para cumprir as tarefas que os cidadãos lhes confiaram. "Convidamos todos os partidos políticos e as autoridades da RDC a colaborarem em um espírito de reconciliação nacional e de respeito pelo direito", disse a presidência finlandesa da UE através de um comunicado. Além de felicitar Kabila por sua reeleição, a UE elogiou o povo congolês e a Comissão Eleitoral Independente por ter alcançado esta "conquista histórica, que demonstra a forte vontade dos congoleses para acabar com anos de conflitos e sofrimento".