Maduro visita Cuba às vésperas da chegada de Obama à ilha
Venezuelano firma pactos em Havana dois dias antes de histórica visita do americano
Por Cláudia Trevisan e HAVANA
Atualização:
Dois antes da chegada do presidente americano, Barack Obama, a Cuba, o líder venezuelano, Nicolás Maduro, fez nesta sexta-feira uma visita a Havana, durante a qual assinou acordos de cooperação que se estendem até 2030. Alvo de críticas de Washington, a Venezuela é o principal parceiro comercial de Cuba e enfrenta uma crise econômica que ameaça seu programa de fornecimento de petróleo subsidiado ao aliado.
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A aproximação da ilha com os EUA é vista com preocupação em Caracas, que passou a ocupar o papel de principal opositor de Washington nas Américas após o reatamento dos antigos adversários da Guerra Fria. Além da crise, Maduro enfrenta o fortalecimento da oposição, que venceu as eleições legislativas de dezembro e agora tem maioria no Parlamento.
O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, disse nesta sexta-feira que a lista dos opositores convidados para o encontro com Obama é “inegociável”. Apesar de não confirmar os nomes, ele disse que haverá entre eles “dissidentes” importantes.
“Não me surpreenderia que o governo de Cuba preferisse que não nos reuníssemos com alguns dos que estão na lista”, observou Earnest a jornalistas em Washington. “Mas posso dizer que o presidente vai manter esses encontros e terá uma conversa sobre direitos humanos.”
Com exceção de algumas raras bandeiras americanas, há poucos símbolos relativos à chegada de Obama nas ruas de Havana. Mas entre os cubanos é grande a expectativa pela primeira visita de um presidente americano ao país em 88 anos.
As amigas Mislaurie Nininger, de 26 anos, e Teresa Verdecia, de 29, viajaram 90 km de Matanzas a Havana para estar na capital quando Obama chegasse. “Vim para ver as mudanças”, disse Mislaurie no Malecón, calçadão à beira-mar onde centenas vão todas as noites para encontrar amigos, beber e namorar.
Jacob García, de 18 anos, estava no Malecón com o amigo Victor Leonardo, de 21. Ambos têm uma banda cover e esperam que a visita de Obama provoque mudanças em Cuba. “Tudo dependerá se aqui também se abrem as portas”, disse García.
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No ano passado, Maduro e o presidente da Bolívia, Evo Morales, estiveram em Cuba na véspera da chegada ao país do secretário de Estado americano, John Kerry. O pretexto era a celebração do aniversário de Fidel Castro. Maduro foi recebido no aeroporto pelo vice-presidente, Miguel Díaz-Canel, e se reuniu com o presidente Raúl Castro no fim da tarde.
Obama chega a Havana amanhã, acompanhado da primeira-dama, Michelle Obama, das filhas, Sasha e Malia, e da sogra, Marian Robinson. Na terça-feira, o presidente americano se reunirá com dissidentes cubanos, entre os quais devem estar a líder das Damas de Branco, Berta Soler, e o ex-preso político José Daniel Ferrer.
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