WASHINGTON - Cerca de uma dúzia de mulheres se vestiram como personagens do seriado Handmaid's Tale (O Conto da Aia) nesta terça-feira, 4, no Congresso dos Estados Unidos, em protesto à indicação de Brett Kavanaugh como o novo juiz da Suprema Corte. As mulheres, de vestes vermelhas e gorros brancos, ficaram em silêncio, como se estivessem orando, do lado de fora da sala de audiências. Protestos semelhantes vêm ocorrendo em todo o país contra a discriminação de gênero e a violação de direitos reprodutivos.
Os membros democratas do Senado estavam furiosos com a Casa Branca por ter retido documentos relacionados a Kavanaugh e divulgado os papeis apenas no último minuto da segunda-feira 3. "Noventa e três por cento dos registros do mandato de Kavanaugh na Casa Branca como conselheiro e secretário não foram fornecidos ao Senado, e 96% estão escondidos do público", disse a senadora Diane Feinstein, da Califórnia, democrata de cargo mais alto na Comissão de Justiça da casa, se referindo ao trabalho de Kavanaugh durante a administração do ex-presidente George W. Bush.
"Todo esse processo colocou uma nuvem sobre o juiz Kavanaugh", apontou, acrescentando que seus colegas de partido participarão da audiência sob protesto.
As manifestações contra Kavanaugh não se limitaram ao exterior da sala de audiências. No interior do local, todos os manifestantes foram presos um por um, deixando vazios os assentos antes cobiçados.
Referência
Esta não foi a primeira vez em que as vestes das personagens de Handmaid's Tale foram utilizadas em protestos. Na Argentina, mulheres utilizaram o figurino para apoiar a aprovação de um projeto de lei que descriminalizaria o aborto. Ao final, o projeto não passou no Senado. No Brasil, a referência apareceu durante a audiência do Supremo Tribunal Federal, em agosto, durante a qual os juízes ouviram diferentes setores da sociedade sobre a descriminalização do aborto.
A história do seriado traz uma realidade distópica, na qual a maioria das mulheres é estéril e as poucas que ainda conseguem engravidar se tornam escravas sexuais, estupradas recorrentemente para garantir a continuidade da espécie humana. / NYT