
SELMA, EUA - A marcha iniciada em Selma há 50 anos ainda não está concluída, disse neste sábado, 7, o presidente americano, Barack Obama, em discurso na frente da ponte Edmund Pettus, que simboliza o movimento pelo direito de voto dos negros americanos. Meio século mais tarde, as conquistas dos ativistas que marcharam até Montgomery estão sob ataque e a Lei do Direito de Voto, enfraquecida, declarou a uma multidão estimada em 40 mil pessoas, o dobro da população da cidade.
“Neste momento, em 2015, 50 anos depois de Selma, existem leis ao redor do país desenhadas para dificultar o exercício do voto”, afirmou o primeiro presidente negro dos EUA. Há dois anos, a Suprema Corte anulou os dispositivos da Lei do Direito de Voto que obrigavam os Estados do sul a buscarem aprovação federal para mudanças na legislação eleitoral – que nos EUA é estadual e não federal.
Depois da decisão, vários Estados aprovaram leis que criam obstáculos para o exercício do voto, como a exigência de documento de identidade com foto. O mais comum é a carteira de motorista, que muitos americanos pobres não possuem.
“Cem membros do Congresso vieram aqui hoje para honrar os que estavam dispostos a morrer para proteger esse direito.” Para Obama, a melhor homenagem que os parlamentares podem realizar é reunir votos suficientes para restaurar a Lei do Direito de Voto.
Outra cidade que recebeu destaque no discurso de Obama foi Ferguson, onde o jovem negro Michael Brown foi morto a tiros por um policial branco em agosto. O presidente rejeitou a narrativa que ganhou força depois do caso de que nada mudou nos EUA no âmbito racial.
“O que aconteceu em Ferguson pode não ser único, mas não é mais endêmico, não é mais autorizado por lei ou costume, e antes do movimento pelos direitos civis, com certeza era”, afirmou Obama. “Não precisamos de Ferguson para saber que isso (a superação do racismo) não é verdade. Nós só precisamos abrir nossos olhos, nossos ouvidos e nossos corações para saber que a história racial desse país ainda projeta uma grande sombra sobre nós”.