Militares argentinos invadem empresa do grupo Clarín, diz jornal

Incidente marca agravamento dos ataques do governo argentino ao grupo Clarín

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Por Redação
Atualização:

Atualizado às 16h46

 

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BUENOS AIRES - Reportagem publicada nesta terça-feira, 20, no site do jornal argentino El Clarín afirma que as Forças de Segurança Militares do país ocuparam a sede da Cablevisión, empresa de televisão a cabo que pertence ao grupo Clarín. A operação foi conduzida por policiais militares argentinos, a chamada Gendarmería.

 

Cerca de 50 militares, segundo a AFP, chegaram à sede da Cablevisión no bairro de Barracas, acompanhados de funcionários da Justiça argentina e de câmeras de TV do programa oficial do canal estatal. De acordo com a Reuters, a Cablevisión lidera o mercado local de TV por assinatura e internet.

 

A medida teria sido tomada, segundo o Clarín, devido a uma ordem emitida pela Justiça de Mendonza, localidade na qual o grupo de comunicação não possui operações. A operação durou três horas - entre 10h e 13h desta terça.

 

Denúncia

 

O juiz que permitiu a ação, Walter Bento, designou um interventor para a emissora de televisão por assinatura. A ordem de invasão teria sido motivada por uma denúncia do grupo Vila-Manzano, alinhado com o governo de Cristina Kirchner e que na segunda-feira expressou seu apoio ao projeto para controlar o papel de imprensa. 

 

O site não revela os motivos da denúncia, mas o promotor de Justiça Ricardo Mastronardi disse, em uma coletiva de imprensa, que se trataria de suspeita de "concorrência desleal". Ele disse, ainda, que a Cablevisión tem um prazo de 60 dias para analisar toda documentação e elaborar um informe que deve ser entregue ao juiz Walter Bento, de Mendoza.

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Além da invasão, os militares estariam solicitando, segundo o jornal, todo o tipo de documentação aos executivos da companhia e revisando as bolsas das pessoas que entravam na sede do grupo.

 

Papel jornal

 

A ação, que marca um sério agravamento dos ataques do governo argentino, é mais um episódio na escalada das disputas entre o governo e as empresas de comunicação que publicam os jornais Clarín e La Nación, por causa do fornecimento de papel jornal.

 

O governo usa sua participação acionária na Papel Prensa, única fornecedora de papel jornal do país, para tentar dominar a oposição do Clarín e do La Nación, maiores jornais do país.

 

A ocupação aconteceu quando o Senado está prestes a votar uma lei polêmica que declara o papel jornal de interesse público. Hoje, ele é fabricado pela empresa Papel Prensa, controlada pelo Clarín (49% das ações) e La Nación (22,49%), enquanto o Estado tem participação de 28,08%.

 

Com Reuters

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