Ministério Público do Peru investiga presidente Dina Boluarte por suposto crime de genocídio

Inquérito apura resposta do governo peruano aos protestos contra Dina Boluarte; três ministros também são investigados

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

O Ministério Público do Peru abriu uma investigação nesta terça-feira, 10, contra a presidente Dina Boluarte e três de seus ministros para apurar supostos crimes na resposta do governo aos protestos que eclodiram no país após a prisão do ex-presidente Pedro Castillo, em dezembro passado. Segundo a Procuradoria-Geral, eles serão investigados pelos supostos crimes de de genocídio, homicídio qualificado e lesões graves.

PUBLICIDADE

Além de Dina Boluarte, são investigados o chefe do Conselho de Ministros (equivalente a Casa Civil no Brasil), Alberto Otárola, o ministro do Interior, Víctor Rojas, e o ministro da Defesa, Jorge Chávez. O ex-presidente do Conselho de Ministros, Pedro Ángulo, e o ex-ministro do Interior, Jorge Chávez, também terão as condutas apuradas.

O inquérito é aberto após novas manifestações contra o governo de Dina Boluarte terminarem em conflito com a polícia e mortes. Os protestos são registrados desde o início de dezembro, quando o ex-presidente Pedro Castillo foi destituído e preso por tentativa de golpe de estado e Dina Boluarte, então vice-presidente, assumiu o poder. Em um mês, ao menos 40 mortes em decorrência das manifestações foram registradas.

Manifestantes entram em confronto com forças de segurança no Peru durante um protesto exigindo eleições antecipadas e a libertação do ex-presidente preso Pedro Castillo Foto: Hugo Courotto/Reuters

Serão apuradas as circunstâncias de manifestações que ocorreram nas regiões de Apurímac, La Libertad, Puno, Junín, Arequipa e Ayacucho, segundo o Ministério Público.

O epicentro atual das manifestações é em Puno, no sul do Peru, onde ao menos 18 pessoas morreram em confrontos entre a noite da segunda-feira, 9, e a madrugada desta terça. Nesta terça-feira, o governo de Dina Boluarte impôs um toque de recolher de três dias que impede a circulação de pessoas das 20h às 4h.

Os manifestantes pedem a renúncia de Boluarte, a realização de novas eleições e a convocação de uma Assembleia Constituinte.

Na segunda-feira, a repressão policial deixou 14 mortos durante tentativa de ocupação do aeroporto de Juliaca pelos manifestantes. Além disso, três pessoas faleceram durante um saque a um shopping center e um policial morreu queimado dentro da sua viatura, segundo a Defensoria do Povo.

Publicidade

O governo peruano alega que a ação contundente da polícia e dos militares que guardam o terminal aéreo ocorreu em resposta a um tumulto orquestrado por milhares de manifestantes. “Hoje, mais de 9 mil pessoas se aproximaram do aeroporto de Juliaca e aproximadamente 2mil iniciaram um ataque contra a polícia e as instalações, usando armas improvisadas e com dupla carga de pólvora, gerando uma situação extrema”, disse Alberto Otárola à imprensa na noite de segunda

‘Situação de guerra’

Uma comissão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) chega ao Peru nesta quarta-feira, 11, para apurar as circunstâncias das manifestações e a resposta policial, que resultou em pelo menos 14 mortos no sul do país. A Igreja Católica do país chamou os confrontos de “situação de guerra” e governo regional de Puno decretou três dias de luto pelas mortes, além de pedir a destituição de Dina Boluarte.

“Meu irmão morreu porque atiraram nele, os policiais o mataram”, disse à rádio peruana La Decana de Juliaca um familiar de Roger Rolando Cayo, de 22 anos.

A resposta policial aumentou a pressão de Dina Boluarte, que assumiu o poder em meio a uma crise política instaurada por uma tentativa de golpe de estado. “A violência está chegando a níveis insuspeitos. A Defensoria destaca que a crise e o conflito político não vão ser resolvidos com a participação das forças armadas ou da polícia”, declarou à agência AFP a Defensora do Povo, Eliana Revollar. /Com informações da AFP

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.