Manifestantes desafiaram nesta terça-feira, dia 10, a repressão das autoridades da Tunísia e tomaram as ruas da capital, Túnis, e de pelo menos outras quatro cidades do país. Desde o domingo, protestos demonstrando revolta contra o aumento do custo de vida foram registrados em mais de 20 cidades – e foram reprimidos com violência. Na terça-feira, uma escola judaica foi atacada com bombas incendiárias na Ilha de Djerba.
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O estopim das manifestações foi um aumento de impostos aplicado pelo governo tunisiano desde 1.º de janeiro para diminuir o déficit fiscal no país e satisfazer o Fundo Monetário Internacional (FMI), que exigiu ajustes em troca de um empréstimo de US$ 2,9 bilhões concedido em 2016. A elevação das taxas foi repassada aos preços de bens básicos de consumo, como gasolina, alimentos, cartões telefônicos e uso de internet – o que causou insatisfação generalizada.
Após um pequeno protesto realizado no domingo, as manifestações começaram a se intensificar. As autoridades reprimiram a revolta com gás lacrimogêneo e disparos de balas de borracha em Túnis e em Tebourba, uma pequena cidade próxima à capital, onde um manifestante foi morto na segunda-feira. Depois da morte, as manifestações se espalharam outros locais na Tunísia.
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Delegacias, carros de polícia, prédios governamentais e bancos foram incendiados. Barricadas feitas de pneus em chamas bloquearam vias e mercados foram saqueados durante a revolta. O Exército acionou efetivos para reforçar a segurança em várias localidades. Pelo menos 237 pessoas foram presas em meio aos protestos – entre elas, dois militantes radicais islâmicos, na cidade de Nefzta.
Nas imediações de Túnis, onde um supermercado Carrefour foi saqueado, confrontos e incêndios ocorreram nas cidades de Attadhamoun, Intilaka, Zahrouni e Zayatine, que ficaram cobertas por nuvens de fumaça, segundo relato da rádio Mosaique FM.
Jovens manifestantes com os rostos cobertos tentaram invadir lojas, mas foram repelidos pela polícia. Um vídeo gravado em Ben Arous, subúrbio de Túnis, mostrou saqueadores saindo de um supermercado com grande quantidade de mercadorias.
Repressão. “O que ocorreu é uma violência que não podemos aceitar. O Estado permanecerá firme”, afirmou o primeiro-ministro tunisiano, Youssef Chahed, em declaração no rádio, após visitar cidades em que ocorreram confrontos entre manifestantes e as forças do governo.
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O porta-voz do Ministério do Interior tunisiano, Khalifa Chibani, declarou à agência de notícias TAP que 58 policiais ficaram feridos e 57 carros oficiais foram danificados. O funcionário não estimou, porém, quantos manifestantes se feriram.
Habitantes de Djerba, onde não houve protestos, afirmaram que radicais se valeram da ausência da polícia na cidade, que foi acionada para reforçar a segurança em outras localidades, para realizar o ataque contra o centro judaico de educação religiosa. “Desconhecidos aproveitaram a oportunidade e arremessaram coquetéis molotov na entrada da escola”, afirmou Perez Trablesi, líder da comunidade judaica da ilha, que abriga judeus há mais de 2 mil anos. Ninguém ficou ferido.
A mais antiga sinagoga da África fica em Djerba. O local foi alvo de um ataque do grupo terrorista Al-Qaeda, em 2002, que deixou 21 mortos. / REUTERS, AP e W.POS
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