MANAGUA - O ex-guerrilheiro marxista Daniel Ortega deve ganhar facilmente um terceiro mandato consecutivo como presidente da Nicarágua neste domingo, 6, impulsionado por um crescimento econômico estável que superou os temores de que ele estaria tentando instalar um regime autoritário familiar no país.
Ortega e sua colega de chapa e esposa, Rosario Murillo, devem ter cerca de 70% dos votos, segundo uma pesquisa recente, mostrando a forte aprovação dos eleitores após a queda na pobreza vista em um dos países mais carentes do continente americano desde que assumiu o poder em 2007.
"Ele (Ortega) é a única pessoa que trabalhou pelos pobres, e vai continuar fazendo isso, porque essa é sua essência", disse Jose Vicente Pong, aposentado de 64 anos, enquanto se encaminhava para um dos locais de votação. "Ele vem da pobreza e continuará trabalhando pelos pobres".
Após emergir como líder do movimento sandinista que derrubou o ditador Anastasio Somoza em 1979, Ortega foi presidente por um mandato nos anos 1980 antes de passar anos nos bastidores.
Quando venceu a eleição da Nicarágua em 2006, ele havia se distanciado o suficiente de suas raízes marxistas a ponto de falar sobre Jesus Cristo em seus discursos.
Adversários têm acusado Ortega de tentar estabelecer uma "ditadura familiar", uma vez que ele indicou parentes para postos-chave e seus sandinistas pressionaram por mudanças constitucionais no Congresso que acabaram com os limites para mandatos presidenciais em 2014.
"Ortega faz as coisas à sua maneira e não liga se está violando o direito dos outros", disse o candidato de centro-direita do Partido Liberal Constitucionalista (PLD), Maximino Rodriguez, rival mais próximo, a apenas 8 pontos porcentuais de Ortega nas pesquisas.
Os EUA e organizações internacionais expressaram preocupação após a Justiça afastar um líder da oposição e com a recusa de Ortega de permitir observadores internacionais durante a eleição. Ainda assim, o Banco Mundial reconhece que, sob o atual presidente, a pobreza caiu quase 13 pontos porcentuais na Nicarágua. / REUTERS