PUBLICIDADE

Papa defende a valorização do papel das mulheres para a Igreja Católica

Declaração reitera determinação do pontífice de promover a reconciliação entre o Vaticano e as freiras americanas, investigadas por Bento XVI

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

FILADÉLFIA - Em missa celebrada na manhã deste sábado, 26, na Filadélfia, o papa Francisco defendeu a valorização da contribuição das mulheres à Igreja Católica e disse que um dos desafios da instituição é fomentar nos fiéis um sentimento de responsabilidade pessoal para que sejam “fermento do Evangelho” e participem na definição dos rumos da Igreja.

Depois de uma passagem por Nova York que sacudiu e comoveu a cidade, o papa encerra hoje sua visita de seis dias aos EUA com uma cerimônia que deve atrair 1 milhão de pessoas.

Na Catedral de São Pedro e São Paulo, papa ressalta que a história da Igreja local não foi apenas de erguer muros Foto: Tony Gentile/Reuters

PUBLICIDADE

Francisco escolheu Santa Catalina Drexel (1858-1955), nascida na Filadélfia, para ressaltar o papel da mulher e o sentido de responsabilidade pessoal. Nascida em uma família rica, ela financiou várias missões que atuavam em comunidades indígenas pobres e decidiu se tornar freira depois de um encontro com o papa Leão XIII. 

Quando Catalina falava sobre as necessidades das missões, o pontífice lhe perguntou “e você, o que fará?”, recordou Francisco. “Essas palavras mudaram a vida de Catalina, pois lhe recordaram que, no fim, cada cristão, homem ou mulher, em virtude do batismo, recebeu uma missão.” 

Em uma sociedade que muda rapidamente, disse o papa, os laicos devem participar de maneira mais ativa na definição dos rumos das paróquias e instituições da Igreja, em um espírito de “responsabilidade compartilhada” com as lideranças religiosas. “Isso não significa renunciar à autoridade espiritual que nos foi confiada, mas significa discernir e empregar os múltiplos dons que o Espírito derrama sobre a Igreja.”

Segundo o pontífice, o papel da mulher deve ser especialmente valorizado, com o reconhecimento da contribuição de laicas e religiosas às comunidades onde vivem e atuam. A declaração reiterou a determinação de Francisco de promover a reconciliação entre o Vaticano e as freiras americanas, alvo de uma agressiva investigação iniciada por seu antecessor, Bento XVI, em 2010. 

O processo atingiu a principal instituição da face feminina da Igreja nos EUA, a Conferência da Liderança de Mulheres Religiosas, acusada de estimular discussões divergentes da doutrina da Igreja em questões como controle de natalidade, sexualidade e ordenação de mulheres. Em abril, na preparação de sua viagem, Francisco determinou o encerramento da investigação, dois anos antes do planejado. A instituição foi absolvida.

Publicidade

Em outra homenagem às mulheres, o papa encerrou a missa com uma referência à Virgem Maria. “Que com seu amor de mãe, ela interceda pela Igreja na América, para que ela continue a crescer no testemunho profético do poder da cruz de seu filho para trazer alegria, esperança e força a nosso mundo.”

No início da missa, o papa mencionou a construção da Catedral de São Pedro e São Paulo, onde a cerimônia foi celebrada, e ressaltou que a história da Igreja local não se traduz apenas no levantamento de muros, mas também em sua derrubada. Com isso, reiterou um dos principais temas de sua mensagem: a necessidade de alcançar os que estão na periferia da sociedade, especialmente “os pobres, os imigrantes, os doentes e os presos”. 

A Filadélfia é última etapa da viagem de seis dias de Francisco aos EUA. Na sexta-feira, ele cumpriu uma agenda que mobilizou a maior cidade do país, Nova York. Depois de discursar na Organização das Nações Unidas (ONU), o papa participou de um culto ecumênico no museu erigido em memória das vítimas do atentado de 11 de Setembro, encontrou-se com imigrantes e refugiados, desfilou no papamóvel diante de 80 mil pessoas reunidas no Central Park e rezou missa para outras 20 mil no Madison Square Garden. 

Hoje, Francisco encerrará o Encontro Mundial de Famílias, evento criado em 1994 com apoio do Vaticano para discutir a organização da família de sua relação com a Igreja Católica. A reunião é realizada a cada três anos e foi o motivo original da visita de Francisco aos EUA. Antes de renunciar, o papa Bento XVI havia confirmado sua presença e o compromisso foi mantido pelo atual pontífice. 

As ruas da Filadélfia estão congestionadas com milhares de peregrinos vindos de diferentes partes do mundo. Durante a semana passada, eles participaram de uma série de eventos centrados na discussão da família, sob uma perspectiva tradicional, que a concebe como a formada por um homem e uma mulher. 

As autoridades da Filadélfia esperam pelo menos 1 milhão de pessoas para a missa ao ar livre que o papa celebrará na tarde de hoje, em seu último evento antes de voltar a Roma. O pontífice iniciou sua visita em Washington, vindo diretamente de Cuba. No ano passado, ele estimulou o processo de restabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países. 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.