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Polícia proíbe concentrações em frente ao Parlamento após multiplicação de protestos na França

Grupos convocam manifestações em Paris, Marselha, Brest, Toulon e Montellier, entre outras grandes cidades

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Por Redação

PARIS - Em meio à multiplicação das manifestações contra a reforma da previdência na França neste sábado, 18, a polícia francesa proibiu concentrações na Praça da Concórdia, em Paris, situada em frente ao Parlamento.

“Devido aos graves riscos de perturbação da ordem pública e da segurança (...), ficam proibidas todas as concentrações nas vias públicas dentro e ao redor da Praça da Concórdia, bem como na área do Champs-Elysées”, informou a polícia.

“As pessoas que tentarem se reunir nos locais serão sistematicamente dispersadas pela polícia” e poderão ser multadas, acrescentou a fonte.

Policiais revistam manifestantes na Praça da Concórdia, em Paris; acesso a Parlamento está vetado Foto: Nicolas Garriga/AP

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Milhares de manifestantes se reuniram na noite de sexta-feira em protestos na Praça da Concórdia, onde incidentes resultaram em centenas de prisões.

Alguns grupos lançaram garrafas e sinalizadores contra as forças de segurança, que responderam com gás lacrimogêneo para esvaziar o local, onde foi feita uma grande fogueira.

Com a paralisação da maior refinaria de petróleo da França, localizada na Normandia (nordeste), na noite de sexta-feira, o ministro da Indústria, Roland Lescure, indicou que o governo poderia convocar trabalhadores para evitar a escassez de combustível.

Também foram requisitados funcionários da coleta de lixo municipal para começar a limpar cerca de 10 mil toneladas de lixo que se acumulam nas ruas de Paris devido a uma greve no setor.

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Neste sábado, foram convocadas manifestações em Paris, Marselha, Brest (oeste), Toulon e Montellier (sudeste), entre outras grandes cidades.

Uma nova onda de protestos é esperada para a próxima quinta-feira, na semana em que deputados da oposição apresentarão duas moções de censura, que serão discutidas a partir da segunda-feira, 20.

A aprovação de qualquer uma delas anularia o decreto presidencial e forçaria a renúncia da primeira-ministra Elisabeth Borne. A

O presidente liberal Emmanuel Macron adotou na última quinta-feira uma polêmica reforma da previdência invocando o controverso artigo 49.3 da Constituição, submetendo a nova medida sem passar pelo voto dos deputados, com o temor de que sofresse uma derrota na Assembleia Nacional. A reforma foi aprovada pelo Senado.

O objetivo do novo sistema previdenciário é aumentar a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos até 2030 e adiantar para 2027 a exigência de 43 anos de contribuição (e não 42 como até agora) para garantir a aposentadoria integral.

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‘Negação da democracia’

Uma das moções contra o governo foi apresentada pelo grupo parlamentar independente LIOT e outra pelo partido de extrema direita Reagrupamento Nacional, de Marine Le Pen, derrotada por Macron no segundo turno das duas últimas eleições presidenciais.

Mesmo que a apresentada pelo LIOT receba amplo apoio, ainda precisaria de cerca de 30 votos para chegar aos 287 necessários (metade mais um dos 577 assentos) para derrubar o governo e a reforma.

A frente de esquerda Nupes e o partido de Le Pen anunciaram que apoiariam a moção do LIOT. Os votos que faltam devem vir do partido de oposição de direita Os Republicanos, que negociou a reforma da previdência com o partido governista, embora com a discordância de cerca de 20 de seus legisladores.

“O que vou responder aos jovens que me dizem que votar é inútil? Elegi um deputado, que não pode votar. Estamos em plena negação da democracia”, diz Nathalie, uma mulher de 30 anos em um protesto de cerca de 300 pessoas em Besançon (leste)./AFP

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