O primeiro-ministro do Líbano, Hassan Diab, disse neste sábado, 7, que o governo suspenderá o pagamento de U$ 1,2 bilhão em empréstimos, marcando o primeiro descumprimento do país em sua dívida soberana, em meio a uma crise e a tumultos populares.
Hassan Diab fez o anúncio em um discurso televisionado ao povo libanês, dizendo que o país tentará reestruturar sua enorme dívida. A parcela de U$ 1,2 bi vence na segunda-feira, 9.
A inadimplência marca um novo capítulo na crise e pode ter sérias repercussões no pequeno país, arriscando ações legais de credores que poderiam agravar ainda mais a situação e empurrar a economia do Líbano para o colapso financeiro. A moeda já perdeu até 60% de seu valor em relação ao dólar no mercado negro e os bancos impuseram controles de capital distorcidos sobre saques e transferências de dinheiro.
Diab disse que a dívida do Líbano atingiu U$ 90 bilhões, equivalente a 170% do PIB, tornando-o uma das mais altas do mundo. "A dívida do Líbano é maior do que o país pode suportar", disse ele.
Ao dizer que o Líbano suspenderá o pagamento da dívida em vez de dizer diretamente que não a pagará, o governo de Diab pareceu manter a porta aberta para negociações com os credores.
Diab disse que as reservas em moeda estrangeira do Líbano "atingiram um estágio crítico", levando o governo a suspender o pagamento da dívida para que possa continuar fornecendo mercadorias básicas ao povo libanês.
"A decisão de suspender o pagamento é a única maneira de parar o atrito e proteger nossos interesses nacionais, ao mesmo tempo em que lançamos um programa abrangente de reformas", disse Diab.
O governo de seis semanas de Diab está enfrentando uma grave crise financeira e econômica que levou a meses de protestos e a uma desconfiança crescente no sistema bancário libanês. O não-pagamento de U$ 1,2 bilhão foi uma das primeiras decisões difíceis que seu gabinete teve que tomar.
Em um discurso de 20 minutos, Diab repetidamente prometeu várias medidas para combater a corrupção e reestruturar o setor bancário do Líbano. Ele se referiu às medidas que precisariam ser tomadas, sugerindo a possibilidade de aumentar os impostos, mas não anunciou nenhuma medida dolorosa imediata. /AP