O presidente deposto do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, deixou o país neste sábado, 5,para tratamento médico em Abu Dhabi, afirmou à Reuters seu ex-chefe de gabinete, Mamadou Camara. Keita, de 75 anos, foi hospitalizado na capital Bamako na terça-feira, 1º, seis dias depois de ser libertado da prisão pela junta militar que tomou o poder no país em 18 de agosto. Ele teria sofrido um ataque semelhante a um derrame.
“É uma visita médica de 10 a 15 dias”, disse Camara. A condição de saúde de Keita não é clara. Em 2016, ele teve um tumor benigno removido do pescoço. No sábado, o ex-presidente viajou a bordo de um avião fretado pelos Emirados Árabes Unidos a pedido da junta governante do Mali, com o compromisso de retornar ao país. Observadores avaliam, porém, que a ação pode ser o início de um exílio.
Após o golpe de Estado no dia 18 de agosto, Ibrahim Boubacar Keita e vários funcionários de seu governo foram presos. Uma semana depois, foram libertados após mediação da Comunidade Econômica do Estados da África Ocidental (CEDEAO). Keita e outros membros de seu governo podem ser indiciados por vários crimes de corrupção.
Líderes da África Ocidental, temendo que o golpe pudesse abrir um precedente que minaria seu pode, inicialmente insistiram que Keita fosse restaurado ao poder. Sua demanda atual é que sejam convocadas eleições dentro de um ano, um cronograma com o qual a junta, que leva o nome de Comitê Nacional para a Salvação do Povo (CNSP), não se comprometeu.
Transição
O CNSP está conduzindo neste fim de semana conversas com diferentes grupos políticos civis no país para preparar o terreno para uma transição. O diálogo, porém, não começou bem: menos de uma hora depois da cerimônia de abertura em Bamako, apoiadores da coalizão M5-RFP, que liderou manifestações em massa contra Keita antes do golpe, fizeram protestos acusando a junta de excluí-los da maioria dos grupos de trabalho. Posteriormente, o moderador anunciou que a M5-RFP poderia participar de todos os grupos de trabalho, o que acalmou os apoiadores da coalizão e permitiu a retomada do evento.
As negociações, que também estão sendo realizadas nas capitais regionais de todo o Mali, estão programadas para continuar neste domingo, 6, e retomar novamente no final da semana que vem./REUTERS E EFE