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Presidente paraguaio convoca nova mesa de diálogo com opositores

Líder do Partido Colorado e presidente do Congresso exigem retirada de projeto de emenda constitucional sobre reeleição presidencial; governo culpa policial pela morte de manifestante

Atualização:

ASSUNÇÃO - A mesa de diálogo realizada nesta quarta-feira pelo presidente paraguaio, Horacio Cartes, concluiu com a convocação de uma nova sessão na sexta-feira e o convite para que o ex-presidente Fernando Lugo (2008-2012) também participe para seguir discutindo sobre o projeto de reeleição presidencial, que desencadeou protestos e uma onda de violência em Assunção, que levou à morte de um manifestante por um policial.Em sua conta no Twitter, Cartes celebrou os “avanços” obtidos no encontro. 

O líder do opositor Partido Liberal, Efraín Alegre, não participou da reunião, realizada no Seminário Metropolitano, vizinho à residência de Cartes, pois exigiu como condição a retirada do polêmico projeto de emenda constitucional para permitir a reeleição no país, algo proibido pela Constituição. Alegre, pré-candidato às eleições presidenciais de 2018, recebeu impactos de balas de borracha no rosto, pescoço e ombro durante a repressão policial ao protesto de sexta-feira. 

Líderes políticos e religiosos participam de mesa de diálogo no Seminário Metropolitano de Assunção Foto: EFE/Andrés Cristaldo

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O presidente do Congresso do Paraguai, Roberto Acevedo, retirou-se da mesa de diálogo e disse que só participará das conversações amanhã se o governo retirar o projeto de emenda, aprovado na sexta-feira por 25 senadores em uma reunião isolada. A medida provocou revolta de manifestantes, que invadiram o Congresso, no centro histórico de Assunção, aos gritos de "ditadura nunca mais" e incendiaram o prédio. Nas manifestações, uma pessoa morreu, 30 ficaram feridas.

Acevedo, que pertence ao Partido Liberal, o maior de oposição, afirmou que a convocação do diálogo "tem como único propósito ganhar tempo" e desmobilizar a reação dos cidadãos que se opõem à emenda. Ele criticou a atitude de Cartes, que considerou "indolente" com relação aos "abusos e atropelos dos direitos dos cidadãos". Acevedo também disse que os senadores ignoraram sua autoridade como presidente do Congresso ao votarem a medida isoladamente, sem sua participação e a dos outros legisladores. Opositores estão acampados diante do Congresso na chamada "Vigília da Resistência".

A medida ainda deve passar pela Câmara de Deputados, cujo presidente, Hugo Velázquez, deixou em suspenso o projeto depois de convidar a oposição à mesa de diálogo. Após a reunião, Velázquez disse à imprensa que as partess apresentaram suas posições sobre a emenda constitucional. Se aprovado na Câmara, o projeto será enviado ao Supremo Tribunal Eleitoral, que organizará um referendo sobre a reeleição.

O projeto foi elaborado em conjunto pelo Partido Colorado, de Cartes, pela Frente Guasú, do ex-presidente Fernando Lugo, e alguns legisladores liberais dissidentes. A mudança tem como objetivo permitir que Cartes e Lugo disputem as eleições presidenciais de 2018.

O líder do Partido Liberal também havia condicionado sua participação na mesa de diálogo ao esclarecimento da morte de Rodrigo Quintana, de 25 anos, por disparos feitos por um policial que foi detido. Tentando atribuir a culpa somente ao policial, o governo disse que o suboficial Gustavo Florentín, que estava preso por violência doméstica, escapou do quartel-general, pegou sua arma e foi agir por conta própria. No entanto, imagens de video da TV ABC mostram que Florentín estava trabalhando desde a parte da tarde acompanhando a Polícia Montada em frente ao Congresso. / EFE e AFP

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