Quem é Maxwell Frost, o primeiro jovem da Geração Z a se tornar deputado nos EUA

Com 25 anos, democrata ganhou em distrito da Flórida com uma campanha focada em controle de armas, mudanças climáticas, saúde e direito ao aborto

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Por Redação

Fim da violência armada, mudanças climáticas, direito ao aborto e sistema de saúde acessível a todos nos Estados Unidos. Essas foram as bandeiras que, importantes para muitos jovens americanos, fizeram parte da campanha do agora primeiro representante da Geração Z - nascidos a partir de 1997 - a conquistar uma cadeira no Congresso.

O democrata Maxwell Alejandro Frost tem 25 anos e entrou para a história na noite de terça-feira ao vencer a disputa contra o republicano Calvin Wimbish na Flórida por uma cadeira na Câmara. Agora, Frost é o integrante mais jovem do Congresso. “Fizemos história para os cidadãos da Flórida, para a Geração Z e para todos que acreditam que merecemos um futuro melhor”, tuitou o afro-americano após o resultado.

Frost comemora vitória na noite de terça-feira; ele será o primeiro jovem da Geração Z a ocupar uma cadeira na Câmara  Foto: Stephen M. Dowell/Orlando Sentinel, via AP

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Com a vitória de Frost, o próximo Congresso tem um representante da Geração Z num momento em que muitos de sua faixa etária se tornam mais influentes em suas respectivas áreas. “A perspectiva que eu trago como um jovem, como um jovem negro, como um jovem negro latino do Sul, é importante”, afirmou Frost ao jornal americano The New York Times pouco após o resultado.

Com a idade mínima necessária para entrar no Congresso americano, o democrata trouxe à tona temas apoiados em peso pelos democratas eleitos, como o direito ao aborto e o aumento do salário mínimo. Mas Frost foi eleito apoiando também muitas das propostas da ala mais à esquerda do partido, incluindo assistência médica universal e expansão da Suprema Corte.

Atualmente, a média de idade entre os deputados americanos é de 58 anos e mais de 80% dos deputados são das gerações X e baby boom.

Frost, no entanto, não é o político mais jovem a ser eleito ao Congresso na história americana. Tal recorde pertence a William C.C. Claiborne, que tinha 22 anos quando foi eleito para a Câmara pelo Tennessee, em 1797. Na ocasião, a idade mínima para integrar o Congresso também era 25 anos, mas a Câmara decidiu deixá-lo assumir ainda assim.

Ainda assim, na história moderna dos EUA é raro alguém de 25 anos ser eleito deputado. Antes de Frost, apenas Madison Cawthorn, republicano da Carolina do Norte, conseguiu tal feito em 2020.

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Telefonema de Biden

Ainda na terça-feira, Frost recebeu um telefonema de parabenização do presidente Joe Biden, que perguntou se Frost faria aniversário antes da posse, como ocorreu Biden entre sua própria eleição para o Senado aos 29 anos e sua posse, aos 30 anos, a idade mínima para senadores.

“Eu disse que não, ele me venceu nessa”, disse Frost ao NYT com uma risada, acrescentando que planejava aceitar a oferta de Biden para se encontrar com ele no Salão Oval. Nesta quarta-feira, 9, Frost voltou a comentar sobre o telefonema em seu Twitter. “Ainda pensando sobre aquele ‘por favor aguarde pelo presidente’ chamado na noite de ontem.”

Como prioridade após a vitória, Frost quer ajudar aqueles moradores do 10º Distrito Congressional da Flórida - por onde foi eleito - que ainda estão sofrendo após a passagem do furacão Ian, “para mostrar a eles que o governo pode trabalhar para eles”, afirmou o democrata.

Ativismo

Frost foi criado por uma mãe adotiva de origem cubana e, aos 15 anos, começou a se envolver com a política, após o massacre a tiros na escola Sandy Hook.

Presidente Obama chegou a se emocionar em discurso sobre o massacre de Sandy Hook Foto: AFP PHOTO/JIM WATSON

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Sua experiência política continuou no ativismo, incluindo o trabalho com a Marcha Por Nossas Vidas, um movimento anti-violência armada liderado por estudantes. Em uma entrevista ao The Times em agosto, ele argumentou que trouxe uma perspectiva diferente para a política por conta do contexto nacional quando completou 18 anos: uma era de tiroteios em massa, desastres naturais cada vez mais frequentes e ampla agitação social.

“Venho de uma geração que passou por mais treinamentos sobre como agir em casos de massacres armados do que treinamentos de incêndio”, afirmou Frost na ocasião. “Isso é algo que minha geração teve que enfrentar de frente: ter medo de ir à escola, ter medo de ir à igreja, ter medo de estar em sua comunidade”. Por isso, o controle de armas é uma de suas pautas. / AFP e NYT

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