O chefe do Estado Islâmico, Abu Ibrahim al-Hashemi al-Qurashi, morreu como viveu a maior parte de sua vida: em inospita clandestinidade, no submundo jihadista.
Pouco se sabe sobre o líder do EI, cujo nome verdadeiro é Amir Muhammad Said Abdel-Rahman al-Mawla, ou outros membros do comando sênior do grupo. Mas sua morte em um ataque de comandos dos EUA na Síria nesta quinta-feira foi um golpe significativo para o grupo terrorista e uma vitória para os esforços americanos de contraterrorismo.
Embora ele não tenha sido tão proeminente quanto seu antecessor, Abu Bakr al-Baghdadi, que morreu em uma operação semelhante em 2019, Al-Qurashi ainda impunha muito respeito nos círculos jihadistas e era conhecido por ser altamente inteligente e capaz de pensar estrategicamente, como explicou Colin P. Clarke, analista de contraterrorismo do Soufan Group, uma empresa de consultoria de segurança com sede em Nova York.
Clarke disse que Al-Qurashi manteve um perfil discreto, o que o ajudou a escapar de uma caçada liderada pelos americanos, mas também pode ter prejudicado sua capacidade de expandir a rede e a marca global do Estado Islâmico. Em março de 2019, o EI perdeu o último pedaço de território de seu chamado califado em partes da Síria e do Iraque.
“Ele era um fantasma e não exatamente ativo para inspirar recrutas jihadistas”, disse Clarke. “O próximo líder do EI pode ser alguém relativamente desconhecido, o que apresentará aos EUA e seus aliados um desafio em termos de coleta de inteligência e mapeamento de sua rede. Mas também é um desafio para o Estado Islâmico, principalmente se o próximo líder não for alguém com uma reputação à altura dos líderes jihadistas anteriores.”
Al-Qurashi, que tinha 45 anos e nasceu no Iraque, foi nomeado chefe do EI depois que Al-Baghdadi morreu em outubro de 2019 em circunstâncias semelhantes: detonando um colete suicida quando as forças dos EUA invadiram seu esconderijo na Província de Idlib, na Síria. Uma vez que ele assumiu a posição, os EUA colocaram uma recompensa de até US$ 10 milhões por sua cabeça.
O governo dos EUA disse que ele ajudou a impulsionar e justificar o sequestro, o massacre e o tráfico da minoria religiosa yazidi no noroeste do Iraque e também liderou algumas das operações terroristas globais do grupo.
Ele foi capturado pelas forças americanas no Iraque no início de 2008. A data de sua libertação não é conhecida. Enquanto estava sob custódia americana, ele pareceu cooperar nos interrogatórios e até forneceu informações sobre outros agentes do EI, de acordo com relatórios de interrogatórios que mais tarde foram tornados públicos.
Um dia após sua prisão, o Comando Central dos militares dos EUA disse que as operações em Mossul, no Iraque, conseguiram capturar um indivíduo procurado que se acredita ser o vice-líder da Al-Qaeda para a rede que opera na cidade. Ele disse que o homem havia servido anteriormente como juiz de um sistema judicial ilegal envolvido em ordenar e aprovar sequestros e execuções.
Anteriormente, Al-Qurashi serviu brevemente nas forças armadas iraquianas antes da queda de Saddam Hussein e completou um mestrado em Estudos Islâmicos na Universidade de Mossul em janeiro de 2007. Ele disse aos interrogadores que se juntou ao Estado Islâmico no Iraque logo depois disso.