WASHINGTON - O principal enviado militar da Venezuela aos Estados Unidos rompeu com o governo do presidente Nicolás Maduro no sábado, 26, enquanto o país sul-americano disse que as duas nações reduziram suas missões diplomáticas a equipes mínimas.
O atrito diplomático e a deserção foram desencadeados pelo reconhecimento do líder da oposição Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela. EUA, Canadá e a maioria dos países latino-americanos, incluindo o Brasil, disseram que a vitória eleitoral de Maduro no segundo mandato foi fraudulenta.
“Hoje falo ao povo da Venezuela, e especialmente aos meus irmãos nas Forças Armadas da nação, para reconhecer o presidente Juan Guaidó como o único presidente legítimo”, disse o coronel José Luis Silva em um vídeo gravado na embaixada em Washington, sentado ao lado da bandeira venezuelana.
Silva disse à Reuters em Washington que um funcionário consular em Houston e outro em outra cidade dos EUA também reconheceu Guaidó, mas que ele era o único diplomata em Washington que ele sabia ter dado esse passo. A Reuters não conseguiu confirmar de forma independente outros desertores.
“Os altos escalões militares e do Poder Executivo estão mantendo as Forças Armadas como reféns. Há muitos, muitos que estão insatisfeitos”, disse Silva. “Minha mensagem para as Forças Armadas é: ‘Não maltrate seu povo’. Recebemos armas para defender a soberania de nossa nação e nunca nos treinaram para dizer: ‘Isto é para você atacar seu povo, defender o atual governo no poder’.”
Embora pequenas rebeliões contra Maduro tenham ocorrido nas Forças Armadas da Venezuela nos últimos meses, não houve nenhuma revolta militar em grande escala contra ele. / REUTERS