SÃO PAULO - O jornalista brasileiro freelancer Solly Boussidan, colaborador do Estado, foi preso na sexta-feira, 28, por autoridades russas na cidade de Sochi, acusado de fazer reportagens sem o credenciamento necessário.
Moscou determinou que Boussidan deve passar dez dias em uma prisão antes de ser deportado, mas o Itamaraty e a Alemanha - país do qual o repórter também tem cidadania - tentam interceder para que ele deixe a Rússia o quanto antes.
Embora tenha se identificado como jornalista ao cruzar a fronteira, Boussidan não trabalhava em território russo e estava em trânsito rumo à Armênia com um visto de turista. No entanto, com o atentado de segunda-feira no aeroporto de Moscou, quando 35 pessoas morreram, o repórter enviou um relato sobre a cobertura televisiva da tragédia ao portal Terra Magazine.
Dois dias depois, a polícia o deteve em seu hotel e o interrogou por 12 horas. Em seguida, Boussidan foi levado a uma audiência com um juiz, que determinou sua prisão por dez dias antes da deportação, além de uma multa de dois mil rublos (cerca de US$ 65). O brasileiro, então, foi encaminhado a um centro de detenção para estrangeiros na cidade de Adler, perto da fronteira com a Geórgia.
Preso, Boussidan passou 36 horas sem comida, sob pressão para assinar documentos em russo sem tradução e abrir mão da proteção consular brasileira.
O Itamaraty explicou que a prisão do brasileiro foi motivada por uma decisão judicial, mas a embaixada em Moscou tem como interlocutor o Kremlin - o poder Executivo do Estado russo. O objetivo da diplomacia brasileira é fazer com que o jornalista não fique preso os dez dias e seja imediatamente deportado.
A embaixada da Alemanha em Moscou, por sua vez, enviou um representante para Adler, onde o jornalista está preso.
Organizações internacionais de defesa da liberdade de imprensa têm criticado duramente as ações de Moscou contra repórteres que atuam no país. Segundo a ONG Repórteres Sem Fronteiras, a Rússia pretende erguer "uma cortina de ferro" para impedir a cobertura da imprensa.
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