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Traficantes mexicanos aumentam seu poder de fogo

Cartéis adquirem armas pesadas e treinam efetivos para combater Exército

Por Ken Ellingwood , Tracy Wilkinson e Los Angeles Times
Atualização:

Foi uma ação audaciosa não só porque teve como alvo o posto de polícia da cidade, mas também pela escolha da arma: granadas. O ataque do dia 21 ao quartel de Zihuatanejo, que feriu quatro pessoas, enquadra-se numa tendência preocupante da guerra das drogas que abala o México. Os traficantes recrudesceram sua corrida armamentista, adquirindo equipamentos de uso militar, incluindo granadas de mão, lançadores de granadas, munição capaz de atravessar blindagens e foguetes. A maioria dessas armas está sendo contrabandeada de países da América Central ou por mar, enganando os fiscais americanos e mexicanos, concentrados no contrabando de armas convencionais compradas nos Estados fronteiriços americanos de Texas, Novo México, Arizona e Califórnia. A proliferação de armamento pesado representa um ameaçador novo estágio na guerra de dois anos que o governo mexicano trava contra as organizações de traficantes. Bem treinadas e com efetivos na casa dos milhares, as gangues estão se tornando forças militarizadas, preparadas para atacar tropas do Exército, além de se atacar mutuamente. Esses grupos parecem estar se beneficiando de um vigoroso mercado negro global e de fronteiras porosas, especialmente entre o México e a Guatemala. Segundo autoridades americanas, algumas armas são sobras das guerras que os EUA ajudaram a travar na América Central. "Existe uma corrida armamentista entre os cartéis", disse Alberto Islas, um consultor de segurança do governo mexicano. "Um grupo obtém granadas propelidas por foguetes, o outro precisa tê-las." Há registros de ataques com granadas ou armas de uso militar em pelo menos dez Estados mexicanos nos últimos seis meses. Em geral, são usadas contra quartéis, prefeituras e outros prédios governamentais. EM DESVANTAGEM Quatro dias após o ataque ao posto policial de Zihuatanejo, quatro funcionários municipais foram mortos numa emboscada a 10 quilômetros da cidade. Além dos tradicionais fuzis AK-47 e AR-15, os criminosos dispararam pelo menos seis granadas de obuses contra a picape dos funcionários. Por fim, o veículo foi explodido e os corpos ficaram carbonizados. "São efetivamente armas de guerra", disse Alberto Fernández, porta-voz do governo de Zihuatanejo. "Só conhecemos esses equipamentos de filmes." Agentes americanos dizem ter detectado contrabando de granadas e outros equipamentos de uso militar para o México há um ano e meio e observaram um forte aumento no uso das armas há seis meses. O governo mexicano declarou que apreendeu 2.239 granadas nos últimos dois anos, ante 50 apreendidas nos dois anos anteriores. Essa multiplicação reflete o crescimento do mercado internacional de armas. Muitos dos foguetes e granadas - produzidos por americanos, sul-coreanos, israelenses e por países do antigo bloco soviético - foram vendidos legalmente para governos e depois desviados para o mercado negro. Outros foram vendidos diretamente a traficantes por elementos corruptos dos Exércitos.

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