LIMA - O juiz peruano Richard Concepción Carhuancho, responsável por mandar para a prisão a líder opositora Keiko Fujimori, filha do do ex-presidente Alberto Fujimori, foi afastado do caso que a investiga por supostas vantagens indevidas pagas pela empreiteira brasileira e participação em esquema de lavagem de dinheiro durante as eleições presidenciais de 2011.
A decisão foi proferida pela Segunda Turma Penal de Apeleções Nacionais do Peru. A corte considerou "fundamentada" a ação apresentada pelo ex-chefe de campanha de Keiko, Jaime Yoshiyama, também investigado no mesmo caso. Ele alega imparcialidade em declarações do juiz Carhuancho à imprensa, no qual o magistrado acusa o Partido Força Popular de "capturar" a procuradoria pública após a demissão de promotores responsáveis pelas investigações.
Ao determinar o afastamento de Carhuancho, a Segunda Turma Penal de Apelações ordenou que um novo juiz assuma o caso. Fontes judiciais afirmaram que a troca de magistrado não afeta as decisões proferidas no caso até o momento.
"Essa situação me causa surpresa e indignação", disse à rádio RPP o procurador Rafael Vela, responsável pelas investigações relacionadas à Odebrecht no Peru. Segundo ele, as ações para afastar o juiz são "ilegais".
Carhuancho foi o juiz responsável por decretar pena de três anos de prisão para Keiko Fujimori em outubro do ano passado. Ela é acusada de lavar US$ 1,2 milhões durante sua campanha presidencial em 2011. O magistrado também colocou atrás das grades o ex-presidente Ollanta Humala e determinou a captura internacional do ex-presidente Alejandro Toledo, que reside nos Estados Unidos. Ambos também são investigados por lavagem de dinheiro em ações relacionadas à Odebrecht.
Por conta de suas decisões em casos envolvendo grandes figuras políticas, Carhuancho se tornou uma figura pública do Peru e um juiz respeitado no país. Em 2017, a inteligência policial peruana desarticulou um plano de assassinato contra ele. /ASSOCIATED PRESS, AFP