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Trudeau decreta emergência para encerrar protesto em Ottawa; 11 são presos

Na Província de Alberta, a polícia informou ter desmantelado um grupo armado e detido 11 pessoas que se preparavam para usar a violência para apoiar um bloqueio em uma passagem de fronteira

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Por Redação
Atualização:

OTTAWA - O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, invocou poderes de emergência, raramente usados, para enfrentar os protestos contra medidas sanitárias anticovid-19 liderados pelos caminhoneiros do chamado 'comboio da liberdade'. As manifestações fecharam algumas passagens de fronteira com os Estados Unidos e paralisaram o centro da capital, Ottawa. 

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Na Província de Alberta, a polícia informou ter desmantelado um grupo armado e detido 11 pessoas que se preparavam para usar a violência para apoiar um bloqueio em uma passagem de fronteira. 

Trudeau usará a Lei de Emergências de 1988, que permite que o governo federal suspenda o poder das províncias e autorize medidas temporárias especiais para garantir a segurança durante emergências nacionais. As fontes não quiseram ser identificadas, dada a sensibilidade da situação.

Manifestante com bandeira do Canadá diante de bloqueio de caminhoneiros em Ottawa, em 14 de fevereiro Foto: Lars Hagberg/Reuters

A lei foi usada apenas uma vez em tempos de paz - pelo pai de Trudeau, o ex-primeiro-ministro Pierre Trudeau - que invocou uma versão anterior da lei -- Medidas de Guerra -- em 1970, depois que um pequeno grupo militante de separatistas de Quebec sequestrou um ministro de província e um diplomata britânico.

Os protestos do 'comboio da liberdade', iniciados por caminhoneiros canadenses que se opõem a um mandato de vacinação ou quarentena para motoristas transfronteiriços, se tornaram um ponto de encontro para pessoas que se opõem às políticas do governo de Trudeau, cobrindo tudo, desde restrições pandêmicas a um imposto de carbono.

Nas últimas duas semanas, centenas e às vezes milhares de manifestantes em caminhões e outros veículos lotaram as ruas de Ottawa, a capital. Eles também bloquearam várias passagens de fronteira EUA-Canadá. A mais movimentada e importante delas -- a Ponte Ambassador que liga Windsor, Ontário, a Detroit, Michigan -- foi reaberta no domingo depois que a polícia prendeu o último dos manifestantes e quebrou o cerco de uma semana que interrompeu a produção de automóveis nos dois países.

Nos últimos dias, o primeiro-ministro rejeitou os pedidos para usar as forças armadas, mas disse que "todas as opções estavam sobre a mesa" para encerrar os protestos, incluindo invocar a Lei de Emergências, que dá amplos poderes ao governo.

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"Nosso governo está preparado para fazer o que for necessário para manter o estado de direito e restaurar a ordem em nossas comunidades e, em particular, para proteger a infraestrutura crítica, principalmente em nossas fronteiras", disse o ministro da Preparação para Emergências, Bill Blair, quando questionado na segunda-feira sobre se a lei seria invocada. 

Armas 

Em outro desenvolvimento, a Polícia Montada Real Canadense informou que prendeu 11 pessoas na fronteira dos EUA em Coutts, Alberta, depois de saber de um esconderijo de armas e munições. A polícia disse que um pequeno grupo dentro do protesto estaria "disposto a usar a força contra a polícia se qualquer tentativa fosse feita para interromper o bloqueio". 

As autoridades informaram ter apreendido 13 armas longas, revólveres, conjuntos de coletes, um facão, uma grande quantidade de munição e carregadores de alta capacidade.

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O governador de Alberta, Jason Kenney, também disse que manifestantes em um trator e um caminhão pesado tentaram atropelar um veículo da polícia em Coutts na noite de domingo e fugiram. "Isso ressalta a gravidade do que vem acontecendo", disse ele.

Nas últimas semanas, as autoridades hesitaram em agir contra os manifestantes em todo o país. As autoridades locais citaram a falta de mão de obra policial e o medo da violência, enquanto as autoridades provinciais e federais discordaram sobre quem era responsável por reprimir os distúrbios.

"Este é o maiore mais severo teste que Trudeau enfrentou. E se usando a Lei de Emergências eles não conseguirem cancelar o protesto, acho que acabou para ele", disse Wesley Wark, professor da Universidade de Ottawa e especialista em segurança nacional.

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Invocar a Lei de Emergências permitiria ao governo federal declarar ilegal o protesto de Ottawa e eliminá-lo por meios como veículos de reboque, disse Wark. Também permitiria ao governo fazer maior uso da Mounties, a agência da polícia federal.

"Invocar poderes de emergência seria um sinal para ambos os canadenses em todo o país e também um sinal importante para aliados como os EUA e ao redor do mundo que estão se perguntando o que diabos o Canadá está fazendo", Wark disse.

As manifestações no Canadá inspiraram comboios semelhantes na França, Nova Zelândia e Holanda. Autoridades dos EUA disseram que comboios de caminhões podem estar em andamento nos Estados Unidos.

Fim de restrições 

Em outro desdobramento, o governador de Ontário, Doug Ford, anunciou nesta segunda-feira, 14, que a província canadense abandonará o passaporte de vacinação contra a covid. "Vamos nos livrar dos passaportes", disse Ford em entrevista coletiva, afirmando que a grande maioria das pessoas foi vacinada e que o pico de casos causados pela variante Ômicron já passou. 

A província, a mais populosa do Canadá, voltou a impor no fim de dezembro, à semelhança de outras regiões do país, medidas muito rigorosas diante do aumento de infecções. 

Ford disse estar "pronto" para acelerar o "plano de reabertura" e que a partir de 17 de fevereiro as medidas serão eliminadas, "exceto em casas de shows, teatros e eventos esportivos, que terão um limite de 50%"./REUTERS, AP e AFP 

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