WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quarta-feira, 27, que as plataformas de mídia social "silenciam totalmente as vozes conservadoras" e que irá regulá-las ou fechá-las.
A declaração acontece um dia depois que o Twitter indicou que seus usuários “chequem os fatos” em dois posts publicados pelo presidente americano.
"Os republicanos sentem que as plataformas de mídia social silenciam totalmente as vozes conservadoras. Vamos regular fortemente, ou fechá-las, antes que possamos permitir que isso aconteça. Vimos o que eles tentaram fazer e falharam em 2016. Não podemos deixar uma versão mais sofisticada disso", escreveu no Twitter.
Na terça-feira, 26, o Twitter marcou pela primeira vez com o alerta para que seus usuários checassem publicações do presidente americano. As mensagens se referiam à votação nas eleições presidenciais de novembro deste ano. Trump sugere que exista fraude no envio das cédulas aos eleitores pelos correios.
O presidente americano escreveu que “caixas de correio serão roubadas, as cédulas serão falsificadas e até impressas ilegalmente e assinadas de forma fraudulenta”.
Um porta-voz do Twitter, citado pelo jornal “New York Times”, afirmou que as marcas nos dois posts desta terça foram incluídas porque os tuítes “contêm informações potencialmente enganosas sobre os processos de votação, e foram rotulados para fornecer um contexto adicional”.
Momentos depois, Trump usou o Twitter para acusar a própria rede social de "interferir nas eleições presidenciais de 2020". O presidente dos EUA ainda chamou veículos de imprensa do país de "fake news".
"O Twitter está sufocando completamente a liberdade de expressão, e eu, como presidente, não vou permitir que isso ocorra!", tuitou.
Twitter alertou para fake news em posts de Trump
Na terça-feira, 26, a rede social Twitter colocou, pela primeira vez, um aviso para verificação de fatos em dois posts do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Nas mensagens, Trump faz referências aos planos da Califórnia de expandir o acesso ao voto pelo correio na eleição presidencial de novembro.
O presidente, que tem mais de 80 milhões de seguidores na rede social, afirma que o voto por correspondência é "fraudulento", que "as caixas de correio serão roubadas" e que "as cédulas serão falsificadas".
Abaixo das duas postagens, o Twitter inseriu um ponto de exclamação azul com um link, aconselhando os leitores a "obter informações sobre as cédulas por correio".
O link redireciona os usuários para uma página com uma mensagem do próprio Twitter e com notícias de veículos como The Washington Post e CNN que desmentem as alegações do presidente.
"Na terça-feira, o presidente Trump fez uma série de alegações sobre possíveis fraudes eleitorais depois que o governador da Califórnia, Gavin Newsom, anunciou um esforço para expandir a votação por correio na Califórnia durante a pandemia de covid-19.
Essas reivindicações não têm fundamento, de acordo com a CNN, Washington Post e outros. Especialistas dizem que as cédulas por correspondência raramente são vinculadas a fraude eleitoral", afirma o texto do Twitter.
Horas depois, Trump usou o próprio Twitter para atacar a rede social, acusando a empresa de interferir na eleição presidencial de 2020. "O Twitter está sufocando completamente a liberdade de expressão, e eu, como presidente, não vou permitir isso!"
A rede social confirmou que foi a primeira vez que sinalizou tuítes de Trump, medida alinhada com a nova política da empresa para alertar sobre fake news. As regras foram introduzidas este ano, inicialmente para lidar notícias não confiáveis sobre o coronavírus.
Embora o presidente dos EUA frequentemente use sua conta para fazer declarações questionáveis e lançar ataques pessoais, o Twitter vinha resistindo a agir contra Trump, sob o argumento de que permitir tuítes controversos de políticos incentiva a discussão e ajuda a responsabilizá-los.
Nós últimos meses, porém, tem aumentando a pressão popular e política para que as redes sociais ajam contra a disseminação de fake news. Governos em todo o mundo passaram a exigir das empresas de mídias sociais regulamentações mais rígidas para evitar a propagação desse tipo de conteúdo. Em abril, o aplicativo de mensagens WhatsApp anunciou que passou a limitar o reenvio de mensagens para impedir a propagação de informações falsas.
Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA vêm incentivando "métodos de votação por correio" para garantir que os cidadãos possam observar as regras de distanciamento social e evitar aglomerações em razão da pandemia - os Estados Unidos concentram cerca de 30% do total de casos de covid-19 e cerca de 28% das mortes. Trump, no entanto, vêm questionando esse método de votação. A eleição presidencial está marcada para 3 de novembro, e o presidente vai concorrer à reeleição pelo Partido Republicano. /WP e AFP
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