ANCARA - Um tribunal turco condenou 121 pessoas à prisão perpétua nesta sexta-feira, 26, por envolvimento na tentativa fracassada de golpe militar em julho de 2016. O processo, conhecido na Turquia como "o julgamento do Comando Geral da Gendarmaria", já levou 245 pessoas ao banco dos réus.
A tentativa de golpe militar contra o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, aconteceu no dia 15 de julho de 2016. A controvertida ação não teve adesão de partidos de oposição e o presidente contou com apoio popular de milhares de turcos, que saíram às ruas em defesa do governo. À época, Erdogan classificou a tentativa de golpe como "uma dádiva de Deus" para que fosse feita uma limpeza no exército.
Dos 121 réus condenados nesta sexta, 86 foram sentenciados à prisão perpétua "agravada", o que representa um tipo mais severo em termos de detenção. Os condenados foram considerados culpados de "tentarem derrubar a ordem constitucional".
Após uma interrupção, devido à pandemia do novo coronavírus, as audiências foram retomadas em junho nos tribunais turcos, com destaque para o principal julgamento dos envolvidos no frustrado golpe na Base Aérea de Akinci, em Ancara. O local foi considerado o quartel-general dos golpistas.
A tentativa de golpe contra Erdogan deixou 250 mortos, sem contar os golpistas, além de milhares de feridos. Ancara atribui o levante golpista ao ex-aliado do presidente, o pregador Fetullah Gülen, que mora há 20 anos nos Estados Unidos. Gülen, cuja extradição continua sendo solicitada por Ancara, nega ter desempenhado qualquer papel no evento. /AFP