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Venezuelanos esperam com agonia por volta da eletricidade

Mais longo apagão da história do país faz com que venezuelanos temam que a pouca comida que têm no congelador acabe estragando

Por AFP
Atualização:

“Será que a comida no congelador vai estragar? Quanto vai durar a água guardada nos baldes? Quando vai acabar o ‘toque de recolher’ imposto pela escuridão e a delinquência?” Estas são algumas perguntas que atormentam Yadira Delgado, de 49 anos, enquanto espera a normalização do fornecimento de eletricidade na Venezuela .

Empresas e redes de lojas paradas à espera de injeções de capital estrangeiro são uma oportunidade, assim como imóveis desvalorizados; indefinição política é fator de risco Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins

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“É uma agonia. Quantos dias mais vamos ter de esperar o restabelecimento da luz?”, questiona Yadira na sala do apartamento em Caracas, iluminado por velas e lamparinas de querosene, onde mora com a mãe, Elvia Lozano, de 72 anos, e sua filha Vanessa, de 16 anos.

Um gigantesco apagão afeta a Venezuela desde a tarde de quinta-feira. O fornecimento foi sendo retomado aos poucos no sábado, mas novos cortes voltaram a ocorrer em Caracas e em 22 dos 23 Estados do país.

A energia foi restabelecida de forma intermitente na manhã de ontem em várias zonas da capital. Entre as idas e vindas da luz, um micro-ondas e uma televisão de Yadira queimaram e ela teme que a carne e os alimentos que tem no congelador acabem apodrecendo. Os venezuelanos enfrentam uma grave escassez de alimentos e remédios e uma hiperinflação astronômica que, segundo o FMI, deve chegar a 10.000.000% este ano.

“Procuramos gelo seco por toda a cidade e não encontramos”, disse Elvia, síndica do prédio onde também falta água, pois as bombas só funcionam com eletricidade. O apagão também danificou os dois elevadores do edifício de 11 andares.

“Vivemos um toque de recolher a partir das 17 horas por medo de assaltos em meio ao apagão. Temos de sair cedo para comprar o que precisamos”, disse Yadira. Mas não é muito o que se pode comprar. Como a cédula de maior valor – 500 bolívares – equivale a US$ 0,15, os venezuelanos são obrigados a fazer transações eletrônicas para qualquer compra, mas, sem eletricidade, as máquinas de cartões não funcionam. Especialistas atribuem o apagão à falta de investimentos no governo chavista, mas o presidente Nicolás Maduro denuncia constantes sabotagens. / AFP

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