Programa criado pelo Colab permite que prefeituras acompanhem demandas relatadas pelos cidadãos
SÃO PAULO – Depois de trabalharem com marketing digital na campanha eleitoral de 2012, os empreendedores Gustavo Maia, Josemando Sobral, Paulo Pandolfi, Vitor Guedes e Bruno Aracaty notaram como era difícil sintonizar os anseios dos eleitores e as ações da administração públicos. Tiveram, então, uma ideia ambiciosa: criar uma plataforma que fizesse a conexão entre os cidadãos e as prefeituras.
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Daí nasceu o aplicativo Colab, lançado no fim de março. Na semana passada, o projeto foi escolhido como o melhor aplicativo urbano do mundo na premiação AppMyCity, da New Cities Foundation, superando finalistas dos EUA e de Israel.
Aberto a qualquer prefeitura, o aplicativo, que é gratuito, também tem versão para web, e é usado por 15 mil pessoas.
O Colab nasceu da parceria entre duas startups do Recife: a 30Ideas, desenvolvedora de aplicativos, e a Quick, de marketing digital. O app funciona como uma espécie de rede social e tem três pilares. Em “Fiscalize”, o usuário denuncia problemas, como buracos, faróis quebrados, lixo nas ruas – que aparecem geolocalizados. Em “Proponha”, pode sugerir projetos de diversas áreas; em “avalie”, dá seu feedback sobre locais e serviços públicos. Os usuários podem interagir, comentar e apoiar as publicações, além de compartilhá-las no Facebook ou Twitter. Os mais ativos ganham pontos no aplicativo.
“Tudo começa com você querer ouvir o cidadão”, diz Bruno Aracaty, sócio do Colab. Ele afirma que, em pesquisas de monitoramento de redes sociais realizadas pela equipe, foi constatado que o cidadão tem sim interesse em reportar os problemas que o cercam, mas encontra dificuldade para se fazer ouvido. “Você discorda, posta no Facebook que tal coisa é um absurdo. Qual é o problema, o que está faltando? A conexão da voz do cidadão, que fica gritando ao léu, com os gestores públicos, que de fato podem resolver os problemas”, diz. Às prefeituras, o Colab oferece uma ferramenta de gestão com a análise do que é reportado ou proposto.
Aracaty afirma que algumas prefeituras já entraram em contato e demonstraram interesse pela plataforma. No entanto, destaca que, para o Colab ser efetivo e chamar a atenção do poder público, é necessário que haja participação dos cidadãos: “Precisamos da ajuda da população para de fato usar e abusar, chamar os amigos, para que a participação das pessoas em suas respectivas cidades ganhe força e a prefeitura passe a enxergar aquilo como algo importante”, diz.
Um tema recorrente nas publicações é a mobilidade urbana. “Isso abrange desde a pessoa que está a pé e encontra calçadas esburacadas a quem está de carro e sofre com o trânsito”, diz Aracaty.
O sócio relata que o Colab, hoje parceria de startups, vai se tornar uma empresa independente. “Estamos caminhando para fazer algo separado, para que o Colab tenha uma vida própria”, diz. Até agora, o negócio recebeu investimentos das duas empresas fundadoras, mas segundo Aracaty, já há novas parcerias em andamento.