Brasileiros na IA: Sandra Avila, da Unicamp, cria sistemas que identificam câncer de pele

Pesquisadora figurou na lista da Universidade Stanford e Elsevier dos top 2% de pesquisadores mais citados no mundo

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Por Bruna Arimathea
Atualização:

Filha de professores de computação, Sandra Avila é um dos principais nomes da nova geração de inteligência artificial (IA) no Brasil. A engenheira, de 40 anos, é formada pela Universidade Federal de Sergipe, com mestrado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e doutorado na francesa Sorbonne Paris VI e suas pesquisas são focadas em sumarização de imagens por máquinas.

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Nesses projetos, Sandra usa IA para transformar imagens de vídeos em informações e, depois, padrões de busca — a engenheira trabalhou com identificação de conteúdo sensível em conteúdos de vídeos do YouTube, por exemplo.

Atualmente, ela é professora do Instituto de Computação da Unicamp, além de fazer parte de um projeto de pesquisa que investiga exames em busca de sinais de câncer de pele. A participação de Sandra é central nos estudos: a partir de imagens, uma IA desenvolvida por seu laboratório, procura padrões para identificar possíveis lesões malignas.

Sandra Avila é professora e pesquisadora da Unicamp Foto: Estadão

A IA é alimentada com um banco vasto de imagens e de dados de diagnósticos passados, e aprende com a correlação já feita entre cor, formato e tipo de mancha com os resultados obtidos em laboratório ou exames prévios. Assim, o diagnóstico fica mais rápido e pode se tornar mais acessível em hospitais e clínicas.

O método que Sandra utiliza no laboratório vem do conceito de redes neurais, onde algoritmos tentam imitar o funcionamento de um cérebro humano. Por meio de aprendizado de máquina, essas redes conseguem aprender a ler e interpretar dados, além de identificar padrões. O algoritmo utilizado no laboratório por Sandra tem índice de acerto no diagnóstico do melanoma superior a 90%.

Com a pesquisa, a engenheira já recebeu diversos prêmios, como o Google Latin America Research Awards em 2018, 2019, 2020, 2021, Google Awards for Inclusion Research, em 2022 e figurou na lista da Universidade Stanford e Elsevier dos top 2% de pesquisadores mais citados no mundo. A pesquisadora também participou de projetos de incentivo feminino na área como o programa Smart Girls Code e no programa Technovation Programaê! que apresenta a área de tecnologia para crianças de escola pública.

É assim que Sandra acredita que a IA pode crescer no Brasil. Para ela, o acesso e a discussão sobre o tema é o ponto de partida para que mais tecnologias sejam desenvolvidas no País.

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“As pessoas estão questionando cada vez mais o uso da IA e isso é bem importante. E eu acho que isso vai continuar no futuro porque estamos mostrando com pesquisas que tem muitas coisas acontecendo. É hora de amadurecer essa ideia”, diz.

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