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Koo apela para ‘moedinhas’ quatro meses após sucesso inesperado no Brasil

Após perda de usuários, app lança programa de recompensas no Brasil para manter o interesse do público

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Foto do author Alice Labate
Por Alice Labate
Atualização:

De nome marcante, a rede social indiana Koo ganhou popularidade entre os brasileiros em novembro de 2022, em meio a crise do Twitter. Com os temores sobre o futuro da rede social sob a tutela de Elon Musk, muitos tuiteiros do Brasil passaram a apontar o Koo como uma possível alternativa. Porém, cinco meses depois do sucesso inesperado, a empresa indiana está recorrendo a uma velha tática de redes sociais na caça aos usuários: um programa de recompensas que oferece “moedinhas” para quem acessar o serviço.

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Em 10 de fevereiro, poucos meses depois do sucesso entre os brasileiros, o Koo anunciou um programa de monetização do app no Brasil, que já estava em circulação na Índia desde setembro de 2022. A campanha oferece moedas que podem ser trocadas por cupons e vouchers de desconto em várias lojas, conforme o uso frequente da rede social.

Os chamados “Koopons” podem ser garantidos pelos usuários que navegarem no aplicativo por pelo menos 10 minutos por dia. As recompensas são progressivas e aumentam 100 moedas por dia para os que mantiverem constância no uso da plataforma. É possível reivindicar até 2,8 mil moedas por semana.

O Koo lançou no Brasil um programa de recompensas que dá cupons de desconto para os usuários. Foto: Redação

“Até hoje, eu já consegui 850 moedas no Koo. Eu ainda não troquei todas, mas as que eu troquei eu consegui desconto para comprar no Extra, então fiz compras no supermercado e consegui 40% de desconto. Economizei bastante graças a esse cupom”, disse a universitária Erika Coelho, que usa as plataformas para arrecadar moedas, em entrevista ao Estadão.

Acensão e queda

É um cenário bastante diferente daquele visto em novembro. Em outubro de 2022, após longos meses de negociações, o bilionário Elon Musk comprou o Twitter por US$ 44 bilhões. Após a aquisição, o novo dono realizou várias mudanças na empresa - a primeira delas foi demitir 50% dos funcionários, o que resultou em mais demissões voluntárias e, posteriormente, um quadro de instabilidade tomou o serviço.

As interrupções nas atividades do Twitter fizeram com que seus usuários levantassem as hashtags #RIPTwitter e #ByeTwitter na plataforma, declarando a “morte” da rede do passarinho. Assim, muitas pessoas passaram a procurar redes sociais alternativas como o Mastodon, o BlueSky e o Koo.

Fundado na Índia em março de 2020 pelos empreendedores Aprameya Radhakrishna e Mayank Bidawatka, o Koo tem uma proposta similar a do Twitter e também é uma plataforma de “microblogging”, para as pessoas escreverem, em poucos caracteres, o que estão pensando.

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A indiana também permite que os seus usuários façam publicações de fotos, vídeos, GIFs e até comentem e republiquem postagens de outras pessoas com o recurso “re-koo” - parecido com o retuíte do Twitter - além de poderem fazer enquetes e gravar áudios.

Tudo isso fez com que a rede social passasse a ser vista como alternativa e os brasileiros invadiram a plataforma - foram mais de 1 milhão de downloads em 48 horas depois do lançamento da versão em português. A rede social chegou a postar sobre como seus engenheiros estavam trabalhando freneticamente diante da chegada de brasileiros. No Twitter, a identificação do Koo passou a ser @KooForBrasil e um time de comunicação foi contratado no País.


Porém, o Twitter voltou a se estabilizar e o Koo começou perder fôlego em dezembro.

‘Koopons’: programa de recompensa

Segundo o cofundador do Koo, Mayank Bidawatka, em entrevista ao Estadão, as moedas seriam uma forma de agradecimento aos usuários: “Queremos criar um programa de fidelidade em que os usuários recebam moedas em troca de seu tempo e esforço. E essas moedas podem ser trocadas por vouchers de marcas. É apenas a nossa maneira de agradecer aos nossos usuários”.

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Apesar da declaração do CEO, o professor de Marketing Digital da ESPM, João Finamor, em entrevista ao Estadão, explicou que a estratégia parece ser uma tática para trazer de volta quem deixou o Koo para trás. “Não é uma estratégia para novos usuários, é uma estratégia de retenção de recorrentes, de quem já conhece a plataforma. Então é muito mais fácil, com bonificação, trazer alguém que já conhece (a rede social), do que para captar novos usuários”, diz.

Para o professor, outra solução para o Koo seria a parceria com influenciadores digitais. “Talvez além dessa bonificação, que é uma estratégia comum, também trazer outros artifícios como influenciadores e pessoas para dar chance a elas de trazer também essa permanência do usuário na plataforma”, disse. “É uma estratégia comum de marketing para redes sociais. Isso mostra que eles estão necessitando de retenção de usuários”.

Essa é uma estratégia comum de marketing para redes sociais. Isso mostra que o Koo está necessitando de retenção de usuários

João Finamor, professor de Marketing Digital da ESPM

De fato, o caminho das “moedinhas” não é novidade e já foi trilhado por outras redes sociais, como o TikTok e o Kwai. O TikTok, diferente do Koo, dá dinheiro aos usuários que trouxerem pessoas para a rede social, então, basta que uma pessoa se cadastre na plataforma usando o código do convite do usuário para que ele ganhe dinheiro. É possível receber até R$ 2,5 mil convidando pessoas, segundo a empresa.

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Já no Kwai, concorrente do TikTok, é possível conseguir moedas no app assistindo vídeos, fazendo check-in diário e convidando novos usuários para se cadastrar na rede social com o seu código de convite. As moedas são convertidas em dinheiro.

“Eu pego moedinhas porque eu quero economizar, ainda mais em e-commerce que é algo que eu uso bastante. Eu não me incomodo de fazer esses check-ins ou usar mais o aplicativo para conseguir esses descontos”, explicou Erika Coelho. “Eu pego as moedas também em aplicativos de compra como Shein e Shopee. Eu uso bastante, pego as minhas moedas por meio do check-in e aí, quando eu vou fazer alguma compra, essas moedas me dão algum desconto dentro da plataforma”.

* Alice Labate é estagiária sob supervisão do editor Bruno Romani

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