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X, ex-Twitter, começa a limitar tráfego para sites que desagradam Elon Musk

Rede social adicionou atraso de cinco segundos em endereços encurtados de propriedades como ‘New York Times’ e Facebook

Por Jeremy B. Merrill e Drew Harwell

THE WASHINGTON POST - A empresa X, anteriormente conhecida como Twitter, começou a reduzir a velocidade com que os usuários podem acessar links para o The New York Times, o Facebook e outras organizações de notícias e concorrentes online, medida que parece visar empresas que têm irritado Elon Musk, dono do.

De acordo com análises realizadas nesta terça-feira, 15, pelo The Washington Post, usuários que clicaram em um link de sites-alvo de Musk tiveram que esperar cerca de cinco segundos antes de ver a página na plataforma, recém-batizaada de X.

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Os sites afetados incluíram os rivais online do X (Facebook, Instagram, Bluesky e Substack), bem como a agência de notícias Reuters e o jornal americano The New York Times. Todos eles já foram previamente criticados ou atacados por Musk.

O atraso afeta o domínio t.co, um serviço de encurtamento de links que o X usa para processar todos os links postados no site. O tráfego é roteado através deste serviço intermediário, permitindo que o X rastreie (e neste caso limite) a atividade no site-alvo, possivelmente retirando tráfego e receita publicitária de negócios de que Musk pessoalmente não gosta.

Sites criticados por Musk tem atraso quando acessam link  Foto: Marcio Jose Sanchez/AP

A análise do Post descobriu que links para a maioria dos outros sites não foram afetados (incluindo os do The Washington Post, Fox News e serviços de mídia social como Mastodon e YouTube) com os links encurtados sendo direcionados ao seu destino final em um segundo ou menos. Um usuário sinalizou os atrasos pela primeira vez nesta terça-feira no fórum de discussão sobre tecnologia Hacker News.

Musk, autodenominado “absolutista da liberdade de expressão”, não respondeu aos pedidos de comentário feitos pelo Post. A companhia X também não respondeu. Algumas das empresas-alvo disseram que estavam revisando a questão quando contatadas pelo Washington Post.

Os cofundadores do Substack, Chris Best, Hamish McKenzie e Jairaj Sethi, disseram em comunicado ao Post que pedem a X para reverter a decisão de instituir um atraso nos links do Substack.

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“O Substack foi criado em resposta direta a esse tipo de comportamento por empresas de mídia social”, disseram. “Os escritores não podem construir negócios sustentáveis se sua conexão com o público depende de plataformas pouco confiáveis que provaram que estão dispostas a fazer mudanças hostis àqueles que as utilizam.”

Empresas online investem milhões de dólares para garantir que as páginas de seus sites sejam abertas o mais rápido possível, sabendo que até mesmo pequenos atrasos podem fazer seu tráfego cair à medida que os usuários perdem a paciência e procuram outras opções.

Musk criticou o New York Times como “propaganda” e o “equivalente no Twitter de diarreia”. Em abril, ele removeu o distintivo “verificado” da conta do veículo de notícias, que agora tem 55 milhões de seguidores, tornando mais difícil distingui-lo de contas falsas. Ele também criticou o jornal neste mês em relação à sua cobertura da política sulafricana.

Musk frequentemente critica sites de mídia e outras redes sociais Foto: Noah Berger/AP

Os atrasos também afetam os maiores rivais do X nas redes sociais. Links para Facebook, Instagram e o novo serviço Threads foram todos limitados; todos os três são de propriedade da Meta, cujo fundador e chefe, Mark Zuckerberg, tem estado em uma disputa online contínua com Musk sobre planos ainda não existentes para uma luta de artes marciais mistas.

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O X também limita o tráfego para o Bluesky, plataforma iniciada com ajuda do ex-chefe do Twitter, Jack Dorsey, que a usou para criticar a liderança de Musk. O mesmo limite também se aplica ao Substack, a plataforma de boletins por e-mail que possui seu próprio serviço de texto curto, Substack Notes.

Musk mostrou pouca hesitação em usar as ferramentas técnicas do X para perseguir desavenças pessoais. Em dezembro, após a aquisição de Musk, o Twitter baniu uma conta conhecida como ElonJet que rastreava os voos do jato particular de Musk, baniu jornalistas que relataram o episódio e suspendeu a conta oficial de um grande rival, Mastodon, por referir-se à conta em um tweet.

O site também começou a usar obstáculos técnicos para dificultar o acesso dos usuários do Twitter ao Mastodon, marcando o site como “inseguro” e bloqueando os usuários de adicionarem links do Mastodon aos seus perfis. ElonJet agora posta em Threads, Mastodon e Bluesky. / TRADUZIDO POR ALICE LABATE

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