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'Usuários podem se unir contra franquia de dados', diz presidente da Netflix

Em coletiva de imprensa em São Paulo, Reed Hastings falou sobre temas polêmicos, ganhou revista adulta e anunciou nova série brasileira

Por Bruno Capelas
Atualização:
Presidente executivo daNetflix, Reed Hastings, durante coletiva em São Paulo Foto:

Presidente executivo da Netflix, uma das empresas que mais trafegam dados pela internet hoje no mundo, Reed Hastings disse nesta terça-feira, 7, que os consumidores podem se unir para lutar contra limites de consumo de dados na internet fixa. “As empresas de telecomunicações querem ter mais receita, mas, em outros países, usuários mostraram sua frustração com as franquias e foram bem sucedidos em acabar com esses limites”, declarou Hastings, durante entrevista coletiva realizada em São Paulo. 

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A declaração não é à toa: a Netflix seria uma das principais empresas prejudicadas caso o modelo de franquias na internet fixa – atualmente suspenso por decisão da Anatel – volte a funcionar no País. O tema foi uma das principais polêmicas da tecnologia no Brasil em 2016, quando operadoras como Vivo disseram ter projetos de implementar limites de dados para planos de banda larga fixa vendidos por aqui. 

Apesar da declaração, Hastings destacou que enxerga evolução na internet do País: “vemos um enorme investimento em internet no Brasil por parte das teles. Todo mundo, em qualquer país, diz que sua internet é lenta, mas ela está melhorando muito de alguns anos para cá”. 

Formiga e futebol. Durante a coletiva de imprensa, realizada no Hotel Unique, zona sul da capital paulista, Hastings falou por cerca de 45 minutos com jornalistas, entre uma breve apresentação e uma sessão de perguntas. Vestindo um terno preto e uma camisa azul clara, o executivo se mostrou simpático, mas sem ser aberto demais às perguntas, e até mesmo ganhou uma revista de entretenimento adulta de um dos presentes. 

Segundo Hastings, esta é sua terceira visita ao País – a primeira foi em 1997, quando ainda não havia fundado o serviço de streaming, que só nasceria no ano seguinte. A segunda foi em 2011, quando a Netflix chegou ao País. Além da falar com a imprensa, o executivo também arranjou um tempo para conhecer São Paulo. “Ontem fui jantar no Dom, do Alex Atala”, contou Hastings. “Não comi a formiga. Parecia crocante demais para mim”.

Entre os destaques da coletiva, o anúncio da nova série original a ser produzida pela empresa no País: Samantha!, uma comédia sobre uma “atriz mirim que já viveu dias melhores e se casa com um jogador de futebol que passou 10 anos na prisão”, nas palavras do executivo. 

É a terceira produção da empresa por aqui a ser anunciada – depois de 3%, que estreou em outubro passado e atualmente filma sua segunda temporada, e de Jet Wash, nome de trabalho de uma série sobre a Operação Lava Jato, com produção do diretor José Padilha (Tropa de Elite). A estratégia é uma via de duas mãos: além de diversificar sua produção, a empresa também atrai a atenção de usuários locais – segundo Hastings, hoje a Netflix produz conteúdo original em países como México, Argentina, Estados Unidos, Japão e em diversos lugares da Europa. 

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Competição. O caráter global da empresa, que se expandiu para mais de 190 países em janeiro de 2016, ganhou recentemente um rival. O Amazon Prime Video, serviço de streaming de vídeo da gigante americana do comércio eletrônico, chegou em dezembro último aos mesmos mercados internacionais que a Netflix. 

Para Hastings, a competição não assusta. “A Amazon oferece um serviço interessante, mas ainda são pequenos comparado conosco, na proporção de ‘investimento das pessoas’”, disse o executivo. “Hoje, competimos pelo tempo das pessoas: você não viu Netflix nas noites que assistiu futebol, jogou videogame ou… bebeu demais.”

O presidente executivo da Netflix reiterou ainda que não pretende diversificar o conteúdo produzido pela empresa: “não queremos fazer notícias, esportes ou vídeo em tempo real”, disse ele. Questionado se poderia embarcar em tendências do gosto brasileiro, como novelas ou programas de cunho religioso, o executivo desconversou. “Tendemos a procurar originalidade e não em copiar outros formatos”, disse. 

Hastings também falou sobre uma das tendências atuais da tecnologia, a realidade virtual. Apesar de negar o interesse do Netflix por produzir para o formato de vídeo em imersão 360 graus, Hastings disse que espera “ver a realidade virtual chegar ao grande público no futuro, como plataforma de interatividade em entretenimento. É algo que os videogames como PS4 e Xbox One fazem hoje”. 

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